A canção Encontros e Despedidas, de Milton Nascimento e Fernando Brant, cala fundo, quando diz – “Mande notícias do mundo de lá, diz quem fica, me dê um abraço, venha me apertar, tô chegando…”. A letra se funde ao anseio de centenas de pessoas que se depararam ontem com a partida de Diego Frazão. O menino, aos 12 anos, interrompeu sua trajetória, para seguir a uma nova estação. O jovem violinista da Orquestra de Cordas do AfroReggae, em sua curta passagem por esse plano, deixou o legado de que a sensibilidade aflora os mais maravilhosos talentos – ‘de ser gente’.
Ao conhecer um pouco de sua história, a gente se emociona. Diego foi vitimado por meningite e pneumonia, aos 4 anos, que deixou sequelas em suas memórias…Mas nada que pudesse prejudicar a sua vocação musical, que emocionava e, acima de tudo, era e é uma ótima influência a outros meninos e meninas de comunidades carentes. Morador de Parada de Lucas, no Rio de Janeiro, essa criança autodidata inspirava amizades, sorrisos e o que é mais importante – bons sentimentos.
Ver a cena em que ele tocou no enterro de Evandro da Silva, coordenador social do AfroReggae, em outubro passado, é algo inesquecível. Visualizar sua bela negritude, com seus olhos inocentes úmidos, e suas mãos regendo o violino expressou o que todos nós precisamos renovar a cada minuto das nossas vidas – sermos verdadeiros.
Apesar de eu não ter conhecido Diego, é como se ele começasse, de alguma forma, a fazer parte de minha vida, por meio de sua representação da esperança. Esse pequeno artista é um cidadão do mundo a quem devoto respeito pelo o maior legado que deixou: ser autêntico, amigo e que deixará saudades ‘boas’, que nos povoam de esperança.
Os jovens violinistas, que o acompanhavam na orquestra, hoje o homenagearam com os acordes de “Asa Branca” (Luiz Gonzaga e Alberto Teixeira), transpiraram a emoção de carinho tão necessária nessas comunidades, que também sofrem com a violência. Então, menino Diego, o que te desejo, com toda sinceridade, é que voe como os sonhos de Ícaro e na estação que pare, nos mande notícias, por meio de inspirações de paz.