Dengue: prevenção não pode ser sazonal

20/02/2010 21:33
Dengue: prevenção não pode ser sazonal, por Sucena Shkrada Resk
Boa parte dos brasileiros desconhece que os picos de casos de dengue, no Brasil, ocorreram em 1991, 1998 e em 2002, quando se registrou um dos quadros de epidemia mais intensos (467 casos/100 mil habitantes), segundo o Datasus. As manchetes eram sucessivas, apontando centenas de milhares de casos, o que mobilizou os departamentos de vigilância epidemiológica e em saúde a fazer operações de combate ao mosquito-fêmea do Aedes aegypti, que transmite a doença, além de aumentar a retaguarda para tratamento. Agora, oito anos depois, os cenários de alerta começam a se repetir, no Centro-Oeste, principalmente no Mato Grosso e Distrito Federal.

No Mato Grosso, foi registrado em janeiro, o aumento de 804% (mais de 12 mil, atualmente acima de 15 mil) de notificações de casos com relação ao mesmo período do ano passado. Até ontem haviam sido confirmadas 17 mortes. Na capital federal e cidades satélites, o percentual ultrapassa 300%. Isso demonstra a fragilidade de políticas permanentes de educação socioambiental, que prevê combate aos criadouros.

Água limpa e parada, eis a combinação perfeita para a proliferação das larvas do mosquito. Uma situação que exige medidas preventivas ininterruptas, pois os ‘ovinhos’ podem ficar em estado de latência até por um ano, aguardando o ambiente propício, para que o ciclo de reprodução se inicie.

Não é possível que ainda hoje pessoas deixem suas caixas d`água destampadas, pratinhos de vasos expostos à chuva, pneus a céu aberto e joguem cada vez mais entulhos por todos os lados nas vias e passeios públicos, além de quintais, o que facilita o acúmulo de água.

Além das autoridades, é preciso que a sociedade, por meio das associações de amigos de bairro e de organizações não-governamentais ampliem ações educativas em suas comunidades e multipliquem a conscientização e atitudes pró-ativas. A mídia, por sua vez, não pode se eximir de ser um canal para orientações, reforçando o caráter público de prestação de serviços. Todos nós temos um papel importante, nesta rede social. Não é possível estarmos no século XXI e nos depararmos com mortes causadas pela ausência de mínimos cuidados sanitários, que nos remetem aos idos dos séculos passados. Será necessário reavivar ações de Vital Brazil e de Oswaldo Cruz?

Fonte: Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk – www.twitter.com/SucenaSResk