Ciranda no Dia de Ação Global

Relatório, avaliação e contribuições da Ciranda para o GT-Com do FSM

26 de Janeiro foi um dia de ativismos pelo mundo. Ações em diversos países, em todos os continentes, se assumiram como resposta ao chamado por uma Semana e um Dia de Ação Global por um outro mundo possível.

Quase sem cobertura da grande imprensa, uma outra midia contribuiu para que estas atividades se mostrassem como parte de um mesmo evento internacional. Participaram iniciativas de comunicação não regidas pelo mercado ou corporativas, como agências, websites e rádios comunitárias que acompanham movimentos sociais ou são produzidas por estes, além de comunicadores/as sociais (jornalistas ou ativistas) que atuaram através de plataformas colaborativas.

Mais de 500 registros (artigos e notas) sobre o GDA vieram de agências, websites e plataformas colaborativas, cerca de uma centena de arquivos de áudio foram produzidos por rádios comunitárias e difundidos por suas associações nacionais e internacionais, dezenas de vídeos e centenas de fotografias publicados na internet, além de blogs e informes individuais coletados pelos reports publicados no site wsf.www2008.net

A Ciranda participou do Grupo de Trabalho de Comunicação da Ação Global com a proposta de apoiar a participação dos meios alternativos na cobertura do FSM . Como faz desde o I FSM abriu seu site colaborativo (ciranda.net) à publicação de conteúdos ou chamadas para materiais informativos de outras mídias.

Até a primeira quinzena de fevereiro mais de 200 novas páginas foram abertas na ciranda para publicação desses conteúdos (entre textos, galerias de imagens, links de áudio e vídeo). Esses materiais podem ser acessados também através do site da Ação Global distribuídos entre os diferentes links da página http://www.wsf2008.net/eng/node/5617 (Alternative Media Coverage), onde estão sendo inseridos também os demais registros produzidos pelas demais mídias alternativas indicados no relatório abaixo

A cobertura na prática
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A proposta inicial da Ciranda foi contatar midias e/ou acompanhar coberturas feitas em pelo menos cada um dos fusos horários, para acompanhamento do Dia de Ação Global e produção de artigos ou agendas regionais. Isso foi possível nos fusos habitados do planeta, na medida em que websites e newsletters de redes internacionais, blogs de eventos e processos regionais ligados ao FSM, agências, sites de notícias e redes de rádios comunitárias contribuíram com informes e coberturas especiais.

Atuações especiais

Entre as mídias que fizeram coberturas coletivas, colaborativas ou edições especiais sobre o FSM estão iniciativas como: Abraço, Adital, Agência Ibase, ALAI – Agencia Latinoamericana de Información, Aler , FSA All Dia, Alternatives, Altermundo, Amisnet, Amarc, Brasil de Fato, Choike, Ciranda, Fórum de Radios (Radio Mundo Real), Global Info Project, Indymedia (em diferentes países), IPS/TerraViva, Minga, Pulsar – radio, Revista Fórum, Repórter Brasil e Stagiares of Alternatives.
(Ouras coberturas especiais devem ser acrescidas a esta relação por organizações ligadas ao FSM, para serem divulgadas no site wfs2008.net)

Notícias

Divulgaram notícia do chamado da Ação Global ou de ações sites como EngageMedia, na Austrália, IsisWomen, nas Phillipinas, Blit TV, nas Phillipinas, Media Culture Action, Newscham e Repórter La Eunyoung (koreia do Sul), Attaction (Japão), EquityBD (Bnagladesh), Serikat Petani (Indonésia), Stagiaires d`Alternatives (Bangladesh, South África), Il Manifesto (Italia), Carta (Italia), Palestinian National Initiative (Palestina), Gush Shalom, (Israel) Oneworld (South Ásia), Pambazuka (África), Indymedia (Bélgica, Alemanha, Estados Unidos) Rebelión (Internacional), Grano de Arena (Madri) Jaku`Eke (Paraguai), PrensaLatina, La Jiribilla e El Camino, de Cuba, Carta Maior, Reporter Social, Repórter Brasil, Portal Vermelho, Correio da Cidadania (Brasil)
(Esta listagem certamente é maior)

Sites dedicados

Alguns eventos e fóruns integrantes da jornada de Ação Global desenvolveram ou alimentaram sites próprios, fazendo sua própria cobertura do evento e gerando subsídios, entre eles os Fóruns da Catalunha, de Sevilha, Fórum Social dês Villages, da Bélgica, de Togo, eventos como Sábado-feira, RioComVida, Blog do FSMBelém, Bocas no Mundo (no Brasil),e da WMW Action 26th January (Internacional), Blog FSF2008 – http://2008.jan26.jp/join.html de diversas organizaçoes do Japão
Também foram produzidos informes ou artigos sobre Fóruns em construção como Fórum Social Galego, Oeste Africano, Fórum Social de Maghreb e da Association for the Development of the Romanian Social Fórum e o próximo Fórum Social Europeu
(Endereços de Sites de Fóruns e eventos da ação global estão sendo publicados no site wsf2008 e devem ser complementados)

Fórum de Rádios

A proposta de um Fórum de Rádios descentralizado foi feita para a edição 2008 do FSM, dada a impossibilidade de reunir programas de rádio de diferentes redes em um mesmo estúdio, como se deu nas experiências do FSM 2005, no Brasil, FSM 2006, na Venezuela e nos eventos anti-G8 em 2007, na Alemanha.

Redes como Abraço, Aler, Amisnet, Amarc, Fórum de Rádios e Agência Púlsar atuaram produzindo e disponibilizando arquivos de áudio e um canal de streaming para transmissão direta dos eventos do GDA durante 4 horas do dia 26 de Janeiro, a partir de estúdios no México. Em diferentes lugares e iniciativas, foram registrados na internet programas produzidos em inglês, espanhol, francês, italiano e português. Divulgaram sua participação no FSM grupos de rádios livres ou comunitárias regionais de países como México, El Salvador, África do Sul, além de programas especiais feitos em/sobre Marrocos (Radio Gazelle) e Rwanda (La Benevolencija), Chile e Barcelona, por exemplo

(Rádios que participaram da cobertura em diferentes países devem ser acrescidas a esta relação por organizações ligadas ao FSM, para serem divulgadas no site wfs2008.net)

Redes com mídia

Entre as redes com newsletter ou sites com seção de notícias que contribuíram com informes divulgados pelas mídias alternativas estão organizações como Via Campesina, International Alliance of Inhabitants , Terra dos Homens, NIGD, Stop the War Coalision, Stop the Wall, Survival International, Friends of Earth, Attac, Focus on the Global South, Ktra , Nobases Network, Movement for Land and Agricultural Reforms (MONLAR) Sri Lanka, Peoples Forum Against ADB, Akshara (índia) , Um ponte per, Nova Terra, Coordenação Internacional de Organizações pela Palestina, ITUC , CCIPPP (Protection Palestine), CADTM- Comité pour l’Annulation de la Dette TM, Greenpeace, Agencia Ongnet, Marcha Mundial das Mulheres, Jubileu Sur., ABONG – Associação Brasileira de ONGs, AMB, Articulación Feminista Marco Sur.

Chamados à Ação Global

Além dos sites acima, o chamado à Ação Global teve destaque nos sites como Asemblea de los Pueblos del Caribe (APC), Assemblée Europeenne dês Citoyens, Babels, Caritas Internacionalis, CBJP – Comissão Brasileira de Justiça e Paz, CEDETIM- Centre dEtudes et d Initiatives de Solidarité Internationale, CETRI, CIOSL – Confederação Internacional de Organizações Sindicais Livres, Coalición Internacional para el Hábitat, CUT – Central Única dos Trabalhadores, Encuentros Hemisféricos contra el ALCA, Focus on the Global South, Grassroots Global Justice, Grito dos Excluídos e Grupo de Trabalho Amazônico , www.paulofreire.org – Instituto Paulo Freire
Ittijah – Union of Arab Community Based Organisations, NIGD – Network Institute for Global Democratization, Palestinian grassroots Anti-Apartheid Wall Campaign, Redes Socioeconomia Solidária, REPEM – Rede de Educação Popular entre Mulheres, TNI – Transnational Institute, UBUNTU – Foro Mundial de Redes de la Sociedad Civil, ALOP – Assoc. Latino Americana de Organismos de Promoção e ANND – Arab NGO Network for Development
(Esta lista foi feita mediante a busca nos sites ou o retorno das organizações confirmando publicação do chamado da ação global ou com notícias replicadas em outros mídias. A lista deve ser complementada com outros sites que tenham divulgado a ação global para publicação no site wsf2008.net, o que pode ser feito pelo email media@wsf2008.net).

Diversas outras organizações divulgaram sua participação diretamente através do site do FSM 2008, cujos espaços de ação por países foram divulgados através das newsletters do FSM. Blogs e informes enviados por emails estão listados nos reports sobre ações em cerca de 80 países. Além dos vídeos publicados no site wsftv.net, uma qualidade equivalente foi localizada em plataformas gratuitas da internet. O mesmo aconteceu com centenas de fotografias publicadas em galerias das mídias alternativas, blogs e outras plataformas gratuitas.

Registros e links para as notícias, áudios, fotografias e vídeos, bem como sites participantes ficarão listados no site wsf2008.net, como documento das coberturas não comerciais produzidas em torno do Dia da Ação Global de 26 de Janeiro de 2008.

Contribuições da Ciranda para avaliação da participação da mídia alternativa

A ciranda participou de duas reuniões de avaliação de organizações em São Paulo (Sábado-feira), uma da Rede Paulista pela Democratização da Comunicação e uma da própria Ciranda, além dos chats de avaliação do GT de Comunicação.

Com base nesses diálogos, o balanço da Ciranda, de modo geral, é de que:

As mídias alternativas e comunicadores sociais que responderam ao chamado do FSM conseguiram contribuir com a cobertura do 26 de Janeiro, na maioria dos casos destacando mais as ações e menos o contexto internacional e regional em que se deram, em razão do pouco tempo.

As mídias de mercado responderam de forma pobre ou nem responderam ao Dia de Ação Global. Mas reverter esse quadro não deve ser prioridade do FSM, onde a maioria das manifestações se opõe à existência dos monopólios ou conglomerados de comunicação regidos pelo mercado e advoga a democratização dos meios.

A grande maioria dos informes, notas, áudios e fotografias que deram visibilidade à ação global foram feitas de forma militante, voluntária e não remunerada. Onde equipamentos cedidos falharam ou faltaram, não houve registro. Exemplo disso se deu no Kenya, em plena crise, onde faltaram até mesmo computadores e internet para concretizar um esforço de participação de jovens comunicadores/as

A cobertura alternativa, embora bem avaliada pela Ciranda, mas esta poderia se refletir mais imediatamente no site do FSM através de ferramentas de sindicação (RSS)para que as notícias produzidas aparecessem automaticamente em mais de uma mídia.

A atuação das mídias alternativas, que cobrem os eventos, não substituiu nem poderia substitutir estratégias de divulgação e assessoria de imprensa, devendo preservar sua liberdade crítica em relação a estes. O trabalho de divulgação deve ser atribuído às próprias organizações que participam do processo FSM

A cobertura alternativa foi evidentemente maior na América Latina, onde os contatos e troca de conteúdos foram facilitados possivelmente devido à uma prática mais acentuada de ações colaborativas entre movimentos e mídias sociais e manutenção de plataformas e iniciativas coletivas

Para a cobertura dos demais continentes, tiveram participação importante redes internacionais de ativismo social que mantém suas próprias iniciativas de comunicação.

A preparação do FSM 2009, novamente centralizado, pode contribuir para aprofundar temas trazidos pelas organizações, movimentos e agendas regionais que protagonizaram a edição descentralizada de 2008, inclusive as visões sobre o papel e perspectivas do FSM.

O universo FSM deve estimular o surgimento de novas mídias alternativas e colaborativas, valorizar e fortalecer as que já existem, ampliando seu poder de alcance e fortalecendo a aproximação entre mídias comprometidas com os movimentos e organizações sociais, e movimentos preocupados com a comunicação.

Sugestões 2008-2009

O processo internacional rumo ao FSM 2009, que deve envolver velhos e novos protagonistas que atuaram na Ação Global na construção colaborativa dos eixos temáticos de Belém pode ser acompanhado de perto pelas mídias alternativas, mas não é uma relação automática. Algumas iniciativas podem contribuir para essa aproximação

Antes, durante, depois

Sob inspiração de idéias surgidas na última reunião de avaliação do Sábado-Feira, uma proposta interessante é considerar três momentos como estratégicos para a comunicação (e mobilização) internacional do FSM:

1) Antes do FSM 2009: os processos regionais ou de redes distintas na preparação da participação do FSM, com espaços, estímulos e ferramentas para que as próprias entidades divulguem suas agendas e atividades rumo a Belém

2) Durante o FSM 2009: além das estratégias de cobertura do evento, estimular as conexões com atividades realizadas à distância, reproduzindo experiência similar ao Dia de Ação Global

3) Após o FSM 2009: estimular que as entidades divulguem atividades de retorno, em que a experiência da participação seja compartilhada com organizações locais

Seminário de comunicação compartilhada

O processo FSM pode se configurar como espaço de estratégicas contra-hegemônicas de comunicação na medida em que os debates sobre ferramentas e iniciativas midiaticas não mercadológicas forem feitos em conjunto com as organizações e movimentos sociais que atuam no FSM

Uma proposta que vem desde o FSM 2005, ainda não concretizada, é a organização internacional de um seminário sobre comunicação compartilhada no universo FSM, para melhor compreensão das experiências existentes e novas estratégias em construção, tanto por iniciativas de comunicação comprometidas com a transformação social quanto por movimentos e oranizações sociais preocupados com a comunicação.

Sendo espaço natural de encontro dos movimentos e organizações sociais, o FSM 2009 poderia ser a oportunidade para realização desse seminário.

Grupo de Comunicação Temática

Redes e organizações que inscreveram ou cobriram atividades no FSM 2008 poderiam contribuir com novas informações e análises relativas ao seu universo de atuação e envolvimento com o processo FSM, contextualizando ações e relação com agendas locais ou regionais de resistência ou alternativas ao neoliberalismo. Um grupo de comunicação temática poderia ser aberto para facilitar a identificação e contato com fontes de informação temáticas nas diferentes regiões. Esse grupo, uma vez criado e aberto à participação, definiria seu modo de funcionamento

Visibilidade

A manutenção de uma plataforma de comunicação do FSM deve contribuir para dar visibilidade às iniciativas de comunicação existentes no universo do FSM, e ao mesmo tempo criar estratégias para uma atualização permanente e automática de sua página de abertura. Essa agilidade pode ser assegurada através de através de sindicações com sites e seções de sites dedicados à cobertura do FSM e com uma seção interna do próprio site onde organizações e mídias também possam publicar notícias.

Fórum de Rádios

Uma cobertura internacional do FSM de Belém poderá ser feita com uma programação coletiva e uso compartilhado de estúdio. Mas até lá, é preciso construir estratégias de difusão internacional das coberturas produzidas, com uso de recursos tecnológicos adequados e participação de rádios e redes em diferentes continentes. Para isto, a Comunicação do CI pode constituir um grupo de trabalho permanente e aberto de gestão de um Fórum de Rádios

Fórum de TVs

O site criado para a difusão de vídeos pode ser visto como fonte de conteúdos para TVs públicas, universitárias e comunitárias, além de exibidores independentes. Para isso, é preciso igualmente aproveitar a oportunidade da preparação do FSM 2009 e criar um grupo internacional voltado a estabelecer contatos e parcerias no sentido tanto de divulgar o site para publicação de vídeos, buscar recursos para apoiar a produção, edição e transmissão de conteúdos, quanto difundir esses materiais através das emissoras parceiras.

Núcleos regionais

A Ciranda acompanhou e estimulou a participação das mídias alternativas e observou um retorno e maior facilidade de intercâmbios entre iniciativas de comunicação da América Latina. Outros núcleos de trabalho precisam ser criados nos demais continentes, com apoio para a construção de iniciativas regionais de coberturas compartilhadas e intercâmbios internacionais.

Tradução de artigos

Estímulo à construção de uma rede dedicada especialmente à tradução de artigos sobre o FSM produzidos pelas mídias alternativas. Recursos para traduções das newsletters do FSM, convocatórias e informações consideradas emergenciais

Continuidade na cobertura do FSM

Atualização dos contatos de comunicação das redes e mídias mencionados neste relatório.

Estimulo à difusão semanal de reportagem, entrevista ou artigo relacionado ao processo FSM, internacional ou nas regiões e sobre a construção do FSM 2009.

Além disso, no Brasil, a Ciranda pretende contribuir para participação e a logística de acolhida das mídias alternativas no FSM 2009, em Belém.

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