Já está no Ministério da Educação o documento com as treze propostas resultantes do primeiro debate no Brasil sobre a Lei Federal 10639/03, realizado em Maceió, em maio, que trata da obrigatoriedade do ensino de História da África e dos Afro-descendentes nas redes municipal, estadual e no ensino superior.
O documento, encaminhado pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) da Universidade Federal de Alagoas no início de julho, foi discutido em um seminário com a participação das universidades federais de Sergipe e de Pernambuco.
O seminário foi uma das atividades do Projeto Uniafro, do MEC/SESu, que determina o estudo da História da África nas universidades. Na oportunidade, também foi debatido o Programa de Ações Afirmativas da Ufal.
Segundo a coordenadora do Neab, professora Clara Suassuna, o Governo de Alagoas, ao criar a lei estadual reforçando a lei federal, fez com que o estado saísse à frente dos demais.
A professora enfatiza também que, na Universidade Federal de Alagoas, a disciplina História da África já integra, como obrigatória, a grade curricular do curso de História.
Entre as treze propostas do documento enviado ao MEC estão a realização de reuniões mais freqüentes entre as instituições de ensino superior, a implantação de cursos de especialização sobre etnia racial e uma maior integração entre as universidades do Nordeste em torno da temática negra.
Rico histórico
Criado há 25 anos, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros é o mais antigo da Ufal e tem consolidado importantes projetos nessa área. Atualmente estão em andamento os Programas Afroatitude e o Uniafro.
Com participação de alunos cotistas em sua equipe, o Afroatitude realiza pesquisas em comunidades quilombolas do Estado de Alagoas.
O objetivo das pesquisas é garantir a aplicação da lei 10639/03 e registrar o modo de vida das quarenta e sete comunidades existentes em Alagoas no que se refere à cultura, religião, influência na língua portuguesa, arquitetura, dentre outras.
“O Afroatitude está também vinculado ao Programa Universidaids, que tem financiamento do Ministério da Saúde, e na Ufal está sob a coordenação do professor Jorge Luís Riscado, do Departamento de Medicina Social. Desenvolvemos também as ações desse programa nas comunidades quilombolas”, ressalta Clara Suassuna.
Entre as ações do Programa Uniafro está a análise dos dados dos alunos cotistas, englobando principalmente o desempenho escolar.
A professora informa que o trabalho, feito juntamente pela Comissão Permanente do Vestibular e pelas pró-reitorias de Extensão, Estudantil e Gestão Institucional será publicado e divulgado nacionalmente até dezembro deste ano.
As atividades do Neab levaram a Ufal a ser agraciada com o prêmio Camélia da Liberdade, destinado a instituições e personalidades promotoras da inclusão social dos negros.
A solenidade aconteceu no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro e premiou também as universidades da Bahia, São Carlos, Londrina. O prêmio foi recebido pela professora Clara Suassuna, representando a instituição alagoana.
O Núcleo de Estudos Afro-brasileiros realiza cursos de capacitação para professores das redes municipal e estadual e está com projeto elaborado, em caráter de avaliação pela pró-reitoria de Extensão, para ampliação em diversas cidades alagoanas.
“A partir do próximo mês de setembro estamos realizando capacitação nos municípios de Porto Calvo, Penedo, Delmiro Gouveia, Viçosa e Arapiraca”, diz Clara Suassuna.
O Programa do Governo Federal, Prouni, contemplou a Ufal com trezentas bolsas para alunos do Campus Maceió e do Campus Arapiraca que ingressaram na universidade pelo Sistema de Cotas.
“O Neab receberá mais seis alunos cotistas, o que dará uma maior estrutura a equipe de trabalho”, enfatiza a coordenadora.
Em outubro próximo a professora Clara Suassuna apresentará no IIº Fórum de História e Patrimônio, na Universidade Federal de Santa Catarina, um trabalho que trata da Lei 10639/03 como instrumento de preservação da cultura afro-brasileira, enfocando o estado de Alagoas.
A Editora Universitária publicará até o final do ano o “Kulé-Kulé III”, que centraliza todos os resultados do Projeto Afroatitude.
Clara Suassuna aproveita para informar que o Neab coloca à disposição dos interessados o acervo bibliográfico e audiovisual para pesquisas e promoções.
Mais informações pelos fones (82) 3221-3122 / 3336-3835.
(Assessoria de Comunicação da Ufal)