Começou às 10h, no anfiteatro 12, da UnB, o seminário Igualdade, Racismo e Políticas Públicas. A mesa de abertura contou com Atila Roque, do Inesc; Mario Theodoro, da Seppir; Sadi Dal Rosso, do departamento de sociologia da UnB; Eduardo Dantas, do DCE/UnB; Zélia Amador de Deus, da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as), ABPN; Nilma Bentes, da Associação de Mulheres Negras Brasileiras, AMNB; Natália Maria Alves Machado, do Nosso Coletivo Negro. Sueli Carneiro, filósofa e fundadora da ONG Geledés, é a palestrante convidada.
Para Atila Roque, o evento é um convite para levar adiante a discussão sobre o racismo e cidadania. “Rompemos o silencio que impedia que racismo se constituísse em um tema da agenda pública, mesmo com dados estatísticos que comprovavam sua existência e suas consequências. Mas tivemos a reação dos setores mais conservadores, típicos de uma cidadania imperfeita e com uma distribuição de renda tão desigual” – afirmou.
O diretor do Inesc também ressalta que o seminário é uma convocação à sociedade e ao Estado para que sejam dados passos significativos para consolidar o combate ao racismo no debate sobre desenvolvimento sustentável. “Impossível pensar o futuro do país sem enfrentar o racismo que ainda permeia nossa sociedade” – concluiu na sua fala inicial.
Mário Theodoro, secretário executivo da Seppir, foi o representante da ministra Luiza Bairros no seminário Racismo, Igualdade e Políticas Públicas. Ele, que já foi professor da UnB e é reconhecido defensor das cotas nas universidades, ressaltou a importância de se discutir um tema em um país que ainda silencia diante de atitudes racistas. “E ainda tem casos como o do deputado Bolsonaro, uma resistência histriônica. Mas a resistência maior na sociedade é mesmo a do silêncio. Precisamos convocar as pessoas a discuti-lo e iniciativas como esse seminário servem para isso” – garantiu.
Professor do departamento de sociologia da UnB, Sadi Dal Rosso, envolvido desde o inicio com a organização do seminário, afirmou que “aos poucos, a cor da UnB vem mudando. Nosso departamento vem recebendo cada vez mais alunos e alunas negras”. Sadi também revelou que em uma recente visita à Venezuela observou que lá o ingresso ao ensino universitário é garantido pelo Estado a todos(as) que assim desejam. Segundo ele, essa iniciativa tem apenas cinco anos e já atinge 50 a 60% dos jovens que desejam entrar na universidade, percentual similar ao que ocorre nos países ricos. “No Brasil, temos apenas 10% a 15 % de jovens de 20 a 24 anos na universidade. Precisamos de outro modelo de universidade para o Brasil, um modelo que não passe pelo vestibular. Estamos atrasados porque toda a Europa já fez isso” – ressalta.
Fonte: inesc.org.br