Qual a situação do povo negro no Brasil?

Foto: Panikinho

No CONNEB estão presentes entidades negras de todos os estados do Brasil. O Encontro conta com uma programação ampla, visando nortear as discussões que serão aprofundadas no ano de 2008.

Nesta última quinta-feria (11 de outubro) a Assembléia Legislativa de São Paulo foi o palco da abertura do encontro.

Já no dia seguinte, as atividades ocorreram na Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares e teve início com saudação religiosa à todas/os membros de religiões de matriz africana e daqueles pretencentes a outras religões que não advêm da África.

Em seguida, houve ainda no período da manhã a primeira mesa de discussão, cujo o tema foi a Análise de conjuntura nacional e internacional, com a participação de vários quadros da militância do movimento negro de todo o Brasil.

Marquinhos (CONEM-MG) inicou a sua intervenção levantando dois fatores que para ele são de fundamental importância: a estrutura mundial do neoliberalismo e a reação ao neoliberalismo.

Em seguida, afirmou que a África, em comparação aos outros continentes, foi o que mais sofreu com as consequências desse modelo enconômico durante 500 anos e que por sua vez culminou na sustentação dos continentes americanos e europeu. Depois ele apontou a importância de lutarmos pela implementação do Estatuto da Igualdade Racial que está tramitando no Congresso Nacional, as políticas de Ações Afirmativas e contra a redução da idade penal, e por fim, lutar pela consolidação de políticas públicas tais como terra, a questão de políticas para a mulheres etc.

Reginaldo (MNU-SP) salientou que devemos cobrar do Estado a criação de uma política que dê condições para reduzir o número de desempregados na sociedade brasileira. Afirmou que é necessário criar mecanismos para melhor intervir na conjuntura atual. Entretanto, diz ele que mesmo exigindo a consolidação de tais políticas, não devemos ser tutelados pelo Estado brasileiro.

Dorjival (Brasil Afirmativo-SP)frisou que os negros devem participar do processo de revolução democrática em nosso país. Ele comparou a situação da expectativa do exército vietnamita com os jovens do Brasil. Segundo ele, a espectativa de vida dos jovens que estão no tráfico de drogas no Brasil é de cinco anos, equannto que um soldado viatnamita durante a Guerra EUA x Viatnã tinha expectativa de 8 anos. Ponderou, também, sobre fato de que as populações devem participar da construção de um país livre.

Juninho(Círculo Palmarino-SP) disse que temos de criar um projeto político para a nossa população que tenha como perspectiva a consolidação de uma sociedade socialista, afirmando com as palavras do saudoso professor Florestan Fernandes que o povo negro é duplamente revolucionário, por pentencer a uma classe social empobrecida pelo capitalismo e pelo racismo.

Marcos (Coletivo de Negros da Bahia) afirmou que a construção desse congresso não é de um partido político, e sim dos vários setores do movimento negro de todo o Brasil.

Celinha (CENARAB-MG) questionou “qual é o projeto político que queremos construir?”. Depois, afirmou que o governo Lula avançou muito nas políticas públicas em nossa sociedade. Para ela, o governo atual avançou, também, no diálogo do Estado com a sociedade civil e ponderou que o problema do Brasil é de identidade. E fechou a sua análise afirmando que a nossa luta deve ser contra a violência do Estado.

Para Olivia Santana (UNEGRO- BA) a possibilidade de tal encontro não deixa de ser privilegiado para todos aqueles que fazem parte do movimento negro, e que é necessário que pensemos num projeto para o nosso país. No entanto, ela aponta para uma questão que considera primordial: “Qual é o nosso foco de luta hoje, ou seja, em nossa atualidade?”.

Olivia afirma que devemos não só buscar unidade entre os diversos segmentos do movimento negro mas, sobretudo, concretizar unidade não ação. Ainda dentro das questões e provocações, ela disse que devemos superar os micropoderes e ir para o enfrentamento ideológico, descontruir a visão criada errônea sobre a África, como por exemplo, que neste continente não havia contradições entre os grupos que habitavam o território.

Todas as questões levantadas pelos (as) debatedores (as) serão aprofundadas no decorrer do encontro, que conta com as mesas de discussões e vários grupos de trabalhos.

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