Foto: cena do filme À Espera da Felicidade
Diretores e produtores da Africa, Brasil e Cuba estão em Salvador para debater o cinema como um veículo de construção de identidades na África e na Diáspora. O brasileiro Celso Luiz Prudente, cineasta e antropólogo, vai moderar a Mesa Redonda da qual participarão os mauritânos Abderrahmane Sissako e Magda Gonji, diretor e produtora do filme “À espera da felicidade” (foto), com apresentação já programada para o período da conferência.
O filme da Mauritânia trata justamente da identidade cultural de seu protagonista, um adolescente fascinado pela cultura ocidental. O jovem rejeita a idéia de continuar vivendo na pequena aldeia natal depois que sua mãe foi morar na Europa. O conflito e a vergonha dos costumes locais o acompanham até conhecer as personagens Nana, o velho Maata e o órfão Katra
A exibição, sexta e sábado, faz parte da Mostra de Cinema da África e da Diáspora, de 13 a 16 de Julho, com todas as sessões na Sala Walter da Silveira, mesmo local da Mesa Redonda, dia 13, das 20 às 22 horas.
A exibição do documentário de Caito Ortiz e João Dornelas, “O Dia em que o Brasil esteve aqui”, é uma das atrações pós conferência, com sessões sábado e domingo. Trata do amistoso entre a seleção brasileira de futebol e o time haitiano,em junho de 2004, e a reação eufórica do povo de Porto Príncipe à presença dos jogadores.
O produtor do documentário, Antônio Prado, participará do debate com Andrea Basílio, produtor de “O herói” (Angola, Idrissa Ouédraogo, diretor de “Samba troré” (Burkina Faso)
Rigoberto López, diretor de “Roble de Olor”(Cuba)e de
Leandro Firmino, ator de “Cafundó” (Brasil). O relator será o brasileiro Joel Zito Araújo.
A seleção de filmes incliu outros títulos, além daqueles representados na Mesa Redonda. Quem perder a sessão do dia 13, poderá ver no domingo “As Ruas de Casablanca”, com a história de dois meninos de rua em busca de dinheiro para enterrar com dignidade o amigo adolescente, morto por um traficante. O diretor é o marroquino Nabil Ayouch Ali Zaoua. Sexta e sábado são os dias para ver “À espera da Felicidade”.
Confira a programação:
13/07 (Quinta)
14:00 – O Herói
16:00 – Samba Traoré
18:00 – As Ruas de Casablanca
20:00 – DEBATE
14/07 (Sexta)
14:00 – À espera da Felicidade
16:00 – Nha Fala
18:00 – Cafundó
20:00 – Roble de Olor
15/07 (Sábado)
14:00 – Samba Traoré
16:00 – O Dia em que o Brasil esteve aqui
18:00 – O Herói
20:00 – À espera da Felicidade
16/07 (Domingo)
14:00 – Cafundó
16:00 – As Ruas de Casablanca
18:00 – O Dia em que o Brasil esteve aqui
20:00 – Nha Fala
A Sala Walter da Silveira fica na Rua General Labatut, 27 – Barris. Tel: (71) 3116-8100
Sinopses
1 – Cafundó (101′, Brasil, 2006)
“Cafundó” é uma crônica inspirada na vida real de João de Camargo, homem simples e ingênuo. Preto Velho milagreiro, ele viveu no Brasil no final do Século XIX e início do Século XX em Sorocaba. Escravo liberto, João de Camargo sofre o impacto do advento da modernidade e suas transformações políticas e econômicas, com a chegada da abolição, da República, da luz, do rádio e da industrialização. Deslumbrado e desiludido, ele deixa-se abater até atingir o fundo do poço, quando tem uma visão que o inspira, ilumina e alucina. A partir de então, firma sua identidade, dedicando sua vida a curar e abençoar seus semelhantes, fundando a igreja do Bom Jesus da Água Vermelha.
Direção: Clóvis Bueno e Paulo Betti
Roteiro: Clóvis Bueno
Produção: R. A. Genaro, Virgínia W. Moraes e Paulo Betti
Fotografia: Zé Bob
Direção de Arte: Vera Hamburger
Elenco: Lázaro Ramos, Leona Cavalli, Leandro Firmino, Beto Guiz, Ernani Moraes
2 – O Dia Em Que O Brasil Esteve Aqui (72′, Brasil, 2006)
Documentário que mostra a euforia dos cidadãos haitianos em Porto Príncipe, em junho de 2004, quando a seleção brasileira de futebol jogou um amistoso contra o time local.
Direção: Caito Ortiz e João Dornelas
Produção: Adriano Civita
Fotografia: Cristiano Wiggers
3 – O Herói (97′, Angola/França/Portugal, 2003)
Recrutado aos 15 anos de idade pelo exército angolano, Vitório deixa a vida militar depois de duas décadas de combates. Em sua última missão, ele foi atingido por estilhaços de uma mina e teve uma perna amputada. Depois de meses de espera, consegue uma prótese. Sem conseguir emprego e reencontrar sua família, ele depara-se com a indiferença e a zombaria das pessoas. Certo dia, dormindo na rua, tem sua prótese roubada. Três pessoas tentam fazê-lo recuperar a esperança: a prostituta Judith, o menino Manu e Joana, professora do menino.
Direção: Zezé Gamboa
Roteiro: Carla Batista
Produção: Fernando Vendrell
Fotografia: Mário Masini
Elenco: Makena Diop, Milton Coelho, Patricia Bull, Maria Ceiça
4 – As Ruas de Casablanca ( 99′, Marrocos/França, 2000)
Ali, Kwita, Omar e Boubken, todos com 12 anos, são meninos de rua em Casablanca. As ruas são sua casa e as pessoas que nelas moram, sua família. Sem ter para onde ir nem onde se esconder, a sobrevivência é um problema cotidiano e a amizade, o elo insubstituível que os une. Até que um dia, Ali é morto – teve sua vida abreviada por um ato de vingança de uma gangue rival. Seus amigos bem que poderiam abandoná-lo ali, morto, mas decidem dar-lhe o enterro que merecia – o de um rei.
Título original: Ali Zaoua
Direção: Nabil Ayouch
Roteiro: Nabil Ayouch e Nathalie Saugeon
Produção: Etienne Comar, Jean Cottin e Antoine Voituriez
Fotografia: Vincent Mathias
Direção de Arte: Said Rais
Elenco: Mounim Kbab, Mustapha Hansali, Hicham Moussoune, Abdelhak Zhayra, Said Taghmaoui, Amal Ayouch
5 – À Espera da Felicidade( 95′, Mauritânia/França, 2002)
Ao visitar sua mãe antes de emigrar para a Europa, Abdallah, um rapaz de 17 anos, sente-se um estranho em sua própria terra. Natural de Nouadhobou, uma pequena aldeia na costa da Mauritânia, ele é atraído pela cultura ocidental, enquanto os costumes e festividades locais o envergonham. Porém, seu ponto de vista começa a se modificar, aos poucos, depois de ele conhecer a jovem e sensual Nana, o velho Maata e um menino órfão que se chama Katra e é dotado de uma profunda curiosidade.
Título Original: Heremakono
Direção: Abderrahmane Sissako
Roteiro: Abderrahmane Sissako
Produção: Maji-da Abdi, Nicolas Royer, Guillaume de Seille
Música: Oumou Sangare
Elenco: Khatra Ould Abder Kader, Maata Ould Mohamed Abeid, Mohamed Mahmoud Ould Mohamed, Nana Diakité, Fatimetou Mint Ahmeda
6 – Nha Fala (90′, Guiné-Bissau/Portugal/França, 2002)
Antes de partir para a Europa para estudar, Vita, uma jovem africana, promete à mãe que jamais cantará, pois uma maldição que se abate sobre a sua família determina que qualquer mulher que ouse cantar morrerá. Em Paris, Vita conhece Pierre, um jovem e talentoso músico por quem se apaixona. Transbordando alegria, Vita liberta-se finalmente e canta, deixando-se convencer por Pierre a gravar um disco, que se torna um sucesso de vendas imediato. Temendo que a mãe descubra que quebrou a promessa, Vita decide voltar a casa… para morrer! Com a ajuda de Pierre e Yano, Vita encena a sua própria morte e ressurreição, para mostrar à família e amigos que tudo é possível, se tiverem a coragem de ousar.
Direção: Flora Gomes
Roteiro: Flora Gomes, Franck Moisnard
Produção: Luís Galvão Teles
Música: Manu Dibango
Elenco: Fatou N’Diaye, Jean-Christophe Dollé, Ângelo Torres, Bia Gomes, Jorge Quintino Biague, Carlos Imbombo
7 – Samba Troré ( 85′, Burkina Faso/França, 1992)
Samba foge para sua aldeia, depois de um assalto a um posto de gasolina. O amigo morre num tiroteio. Samba escapa com o dinheiro, mas perde a paz. Ele conhece Saratou. Os dois passam a viver juntos, dando apoio um ao outro, na tentativa de esquecer o passado. Saratou tem um filho de dez anos, Ali, de um homem que abandonou. Salif, um amigo de infância, e sua mulher Binta testemunham o ato de desespero de Samba de se livrar de seus pecados.
Direção: Idrissa Ouédraogo
Roteiro: Idrissa Ouédraogo, Jacques Arhex, Santiago Amigorena
Produção: Idrissa Ouédraogo, Silvia Voser
Fotografia: Pierre Laurent Chenieux
Música: Wasis Diop, Falon Cahen
Elenco: Bakary Sangare, Mariam Kaba, Abdoulaye Komboudri, Irene Tassembedo
8 – Roble de Olor ( 127′, Cuba, 2003)
Primeira metade do século XIX . Em Cuba, lugar de enigmas, sonhos e tragédias sem fim, uma mulher negra e bonita procedente do Haiti e um alemão – romântico comerciante recém chegado à ilha- protagonizam a história do amor infinito que fez florescer o cafezal mais rico de Cuba: Angerona. Foi um período obscuro, em um lugar cercado por intolerância, incompreensão, conflito de interesses e poder absoluto.
Direção: Rigoberto López
Roteiro: Eugenio Hernandez Espinosa e Rigoberto López
Produção: Humberto Hernandez
Fotografia: Livio Delgado
Elenco: Jorge Perugorría, Lía Chapman, Rúben Breñas, Raúl Martín, Raquel Rubí