As nações parecem acreditar que o racismo vem do cosmos. Essa estranha aceitação foi denunciada por nada menos que o relator especial da ONU sobre as Formas Contemporâneas de Racismo, Doudou Diene, convidado especial da Conferência Regional das Américas.
É fundamental, segundo ele, que as ações aceitem o fato de que isso não é verdade e de que o rascimos vem de um contexto histórico, cultural, ambiental.
“Na América, o racismo foi amplo e por isso não podemos combatê-lo com sentimentos”, alertou o relator da ONU, lembrando que a escravidão e o tráfico negreiro foram as maiores tragédias da humanidade e a primeira forma de globalização.
Doudou Diene acha que o Brasil já superou um dos grandes desafios no combate ao racismo, que está em reconhecer que ele existe e que exerce influência sobre a mentalidade social.
Para o relator especial da ONU, é profunda a participação do racismo na formação da sociedade brasileira, exigindo posições firmes do governo.
“Não podemos cruzar os braços diante de desigualdades históricas”, disse a ministra brasileira Matilde Ribeiro. Para ela, vale a pena investir em ações afirmativas e na somatória entre as cotas sociais e cotas raciais por que “estivemos ao longo da história esquecidos por essa realidade”