O chamado de Wangari Maathai

A laureada do Prémio Nobel da Paz de 2004, a queniana Wangari Maathai, instou quinta-feira em Salvador da Bahia (nordeste do Brasil) os africanos a assumirem o desenvolvimento do seu continente independentemente da ajuda dos países ricos.

Em entrevista à PANA à margem da II Conferência dos Intelectuais de África e da Diáspora (CIAD II), Maathai defendeu que os próprios africanos devem desenvolver o continente para eles e para os seus filhos.

“É uma falsa ideia que os africanos têm de que o continente pode ser desenvolvido por estrangeiros: Isso nunca aconteceu em lugar algum e não acontecerá em África”, sublinhou.

A ambientalista queniana criticou os países ricos que, na sua opinião, fingem ajudar África quando o seu objectivo final é apenas “explorar as riquezas do continente”.

“A maior parte das pessoas vêm com o objectivo de explorar as riquezas de África, outras fingem que estão a ajudar-nos, mas nenhum país no mundo foi desenvolvido por estrangeiros”, ressaltou.

“Muitos países ricos acham que ajudam África. Se lhes perguntar, eles dirão que deram ao continente milhões de dólares, mas o que os africanos devem perceber é que ninguém vai desenvolver África por nós”, inistiu a primeira africana vencedora do Prémio Nobel da Paz.

Maathai salientou que os estrangeiros “podem investir, criar empregos e ajudar na criação de riquezas”, mas que os nacionais e os seus líderes políticos “devem estar na anteguarda e não esperar que eles (os estrangeiros) venham desenvolver África”.

Por outro lado, lembrou que muitos africanos abandonam África devido aos problemas económicos e políticos que enfrentam nos seus países, e defendeu a criação de condições para impedir que eles (os africanos) ponham em risco as suas vidas indo para países onde são indesejados.

“As pessoas vão sempre sair de onde eles pensam ser pobres para locais onde eles pensam haver melhores oportunidades”, sentenciou.

Contudo, disse, o fenómeno da emigração não afecta apenas o continente africano, mas também outros países pobres da Ásia e da América Latina.