Foto: Wangari Maathai durante entrevista na II CIAD, em Salvador. Foto de Antonio Cruz, ABr
Muitas pessoas na Africa não sabem nada sobre a Diáspora, e muitas cujos ancestrais atravessaram o Atlântico nada sabem sobre o continente de onde sairam. “Nos conhecermos mutuamente, esta a grande importância desta conferência”, disse a ambientalista e Prêmio Nobel da Paz (2004) Wangari Maathai, em entrevista após sua intervenção na na plenária sobre a necessidade de um pacto político entre a Africa e a Diáspora pela paz, democracia e desenvolvimento.
O desconhecimento recíproco leva a idéia erradas entre povos africanos e afro-descendentes, e as oportunidades de aproximação são preciosas para a construção da paz, disse Maaghai. Apontar elementos dessa construção foi o sentido das suas palavras durante a II CIAD.
Na manhã desta sexta-feira, último dia de conferência, ela abriu sua intervenção lembrando que, na época em que recebeu o Prêmio, em 2004, como mulher, como africana, e como ambientalistas, muitas pessoas questionaram a existência de alguma relação significativa entre a luta pelo meio ambiente e a luta pela paz. E segundo ela a dificuldade de percepção continua ainda.
Mas não existe, lembrou Maaghai, grandes conflitos hoje que não estejam ligados à competição pelo acesso e controle dos recursos naturais. “E isto é feito excluindo muitos de nossa sociedade”.
Essa exclusão, segundo a ativista, é outra causa dos novos conflitos. Se o acesso aos recursos a que todos têm direito é negado, aquelas pessoas que se sentem marginalizadas, na periferia do mundo,se envolvem com o crime organizado ou com o crime generalizado, com o terrorismo ou com as gerras. ” Os conflitos existem porque alguns de nós nos sentimos excluidos e queremos chamar a atenção”, afirmou a ativista.
Maaghai se preocupou em frisar, em todas as suas falas, que nem a paz, nem o bom manejo dos recursos naturais, virão por acidente. Nem a cuenca amazônica, nem as selvas do Congo, dois motivos de preocupação da Premio Nobel, serão preservadas por acidente. Mas através da participação cidadã ativa. Por isso, ela propõe compromissos com a construção de governos inclusivos, e com a participação nas decisões dos governos, especialmente da juventude.
“Nossa existencia neste planeta depende dos recursos limitados que temos disponíveis. Se compartilhamos o planeta de forma mais justa, provavelmente vamos desfrutar da paz. Mas isto acontecerá sómente se nos governarmos de forma mais responsável e se formos inclusivos.”
Às novas gerações, a Nobel apela para que protagonizem a defesa de seus direitos básicos, como saúde e educação. Que se envolvam ativamente em suas comunidades para assegurar-se de que sua educação seja completa. E que se preocupem com tudo que pode lher tirar a saude, como as drogas e a aids. “Com boa saude, vocês podem promover boa governabilidade, para que se distribuam recursos de forma mais equitativa e se promova a paz”.
“E acreditem em vocês”, disse diretamente a jovens jornalistas da Universidade Federal da Bahia que a entrevistaram após a conferência.