Negras e negros no jornalismo

Foto: Frineia Rezende

A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (COJIRA-Rio de Janeiro) se manifesta pela realização de um censo dos/as jornalistas brasileiros/as, no intuito de saber como está realidade de jornalistas negros/as no mercado de trabalho. A entidade quer respostas para dúvidas como: onde estão os/as negros/as no telejornallismo? Qual a porcentagem de jornalistas negros/as nas redações ou nas assessorias de comunicação se comparados com os/as não negros/as? Que mecanismos são desenvolvidos para a acessibilidade, mobilidade e permanência de jornalistas afro-descendentes em um mercado tão competitivo como o de produção de informação e de formação de opinião?

Segundo a COJIRA, essas indagações chegam todos os dias provenientes de estudantes universitários/as, pesquisadores/as e jornalistas, que têm a temática racial como pauta. Levantar dados, fomentar pesquisas sobre o perfil do jornalista brasileiro é uma antiga aspiração da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), discussão esta retomada pela COJIRA-Rio, a ser abordada nesta quinta-feira, dia 06, no 32º Congresso da FENAJ, em Ouro Preto, Estado de Minas Gerais.

Segundo a jornalista Sandra Martins, que representa a COJIRA-Rio no encontro, no Brasil, os sindicatos de jornalistas e mesmo a FENAJ não dispõem de dados sobre o perfil da categoria. “A inexistência de pesquisas sobre o quantitativo de jornalistas negros ou negras atuantes em nosso minguado mercado de produção midiática dificulta a formulação e defesa de cláusulas específicas nos acordos com os empregadores, incluídas as dirigidas à promoção da igualdade.”

Para dar pistas sobre a falta de informações mais precisas e atualizadas, a jornalista cita duas matérias publicadas na mídia convencional. “Em uma publicação acreana, a manchete definia a invisibilidade dos/as negros/as nos meios de comunicação: “Negros são pequenas minorias nas redações das empresas de comunicação em Rio Branco”. Dos 120 profissionais credenciados pelo Ministério do Trabalho filiados à sua entidade sindical, apenas cinco eram de cor negra, ou menos de 5% da categoria.”

Outra publicação, agora paulista, com dados apurados pela sucursal carioca, afirma que, com raras exceções, negros/as e pardos/as convivem com a mesma realidade em quase todas as profissões no Brasil, cerca de 92%, em média, ganham menos que seus/suas colegas brancos/as. Pelos dados tabulados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) do Censo 2000, por profissões, o jornalismo é uma das profissões que tem menor proporção de negros/as no país – apenas 15,7%.

Para Sandra Martins, a implementação de políticas de promoção da igualdade racial exige, no plano operacional, o enfrentamento de um problema básico: a falta de dados sobre a cor, tanto dos empregados ou funcionários de uma empresa ou órgão público, quanto dos usuários de serviços públicos e privados. “Daí a reivindicação de pesquisas para sabermos quantos jornalistas afro-brasileiros existem, assim como a inclusão da auto-declaração étnico-racial nas fichas cadastrais nos sindicatos. Esta medida deve ser precedida de campanha de esclarecimento junto à categoria, bem como da capacitação do coletor e dos funcionários”, finaliza a jornalista.

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