O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o mundo não pode mais permitir que a Organização das Nações Unidas (ONU) continue hoje com a mesma organização de quando foi criada, em 1945. “A geografia política mudou, a geografia econômica está mudando, os países mudaram. Então, porque continuar com a mesma organização e não termos coragem de democratizá-la, fazendo com que o continente africano, a América Latina e outros países estejam verdadeiramente representados nesta instituição?”, questionou Lula, ao participar, no início desta tarde, da Primeira Sessão Plenária da II Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora (II CIAD), em Salvador.
Em seu discurso, que durou pouco mais de 30 minutos, Lula cobrou mais empenho das lideranças mundiais, e em especial dos intelectuais do continente africano e da América Latina, para que “aprendam” a criar organismos multilaterais mais fortes e respeitados.
“Nós, no século 21, precisamos pensar o que nós queremos para o continente africano, para os países do Sul, para os países do Terceiro Mundo para os próximos 30 anos. Esse é o desafio para nós”, afirmou.
O presidente também ressaltou que as nações hoje estão vivendo um conflito na Organização Mundial do Comércio (OMC), fruto de uma “lógica perversa”. Destacou, no entanto, que esse fato merece ser repensado. “Se nós não tivermos a sensibilidade para negociarmos e fazermos as concessões de acordo com a proporcionalidade de nosso tamanho e riqueza, não haverá acordo; e quem é rico continuará mais rico, e quem é pobre vai continuar mais pobre”.
Lula afirmou que é com essa missão que está indo nesta sexta-feira (14) para a Rússia: tentar buscar um acordo com líderes mundiais na questão comercial. “Agora chegou o momento dos lideres políticos dizerem “queremos ou não queremos um mundo mais justo.” Esse é o desafio que está colocado para nós. E alcançar este desafio não é responsabilidade apenas dos países africanos, e tampouco do Brasil. É dos de seis bilhões de serem humanos que habitam a terra. Precisamos assumir a responsabilidade de não aceitar que a globalização de hoje permita com que os países pobres sejam tratados da mesma forma que foram tratados na época da colonização”, finalizou.