São Paulo – Um estudo feito pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) indica que as mortes causadas por homicídios (assassinatos) são mais freqüentes entre os homens negros na faixa de 10 a 24 anos do que entre os brancos no estado de São Paulo.
Enquanto ocorrem 60,5 óbitos por cada 100 mil homens no caso dos brancos, essa proporção sobe para quase o dobro entre os negros: 120 mortes para cada 100 mil homens.
Em São Paulo, a população negra representa 30,9% dos quase 27,4 milhões de habitantes. Na próxima segunda-feira (20), Dia da Consciência Negra, organizações do movimento negro farão a Parada Negra na capital paulista para reivindicar mais ações de combate ao preconceito, violência e racismo institucional.
A Seade baseou o estudo sobre assassinatos em declarações de óbitos emitidas no período de 2003 a 2005. Essas declarações mostram que o índice de mortalidade por causas externas (homicídios, acidentes, suicídios) é maior entre os negros.
Nessa população, as causas externas respondem por 174,1 mortes a cada 100 mil homens. Entre as vítimas brancas, esse mesmo índice é de 119,2. Para a demógrafa do Seade Rute Godinho, os jovens negros lideram as estatísticas de vítimas por causas externas por estarem mais sujeitos a exposição em áreas consideradas de risco, ou seja, bairros pobres da periferia, bares e outros pontos de vulnerabilidade e violência.
Com relação à segunda maior causa de mortes, a pneumonia, a taxa é de 2,1 mortes por 100 mil homens na população de negros, e 1,7, na população de brancos. No que diz respeito às mortes por Aids, as taxas são mais equilibradas, com 1,4 mortes por 100 mil homens para os brancos, e 1,3 para os negros.
Considerando todos os tipos de morte, a taxa de mortalidade entre os negros também supera a de brancos em 33%. Na população negra, são 198,7 óbitos por cada 100 mil homens. Na branca, 149,4 para cada 100 mil.
Entre os adultos, de 25 a 49 anos, o índice de mortalidade por causas externas é de 192,6 (negros) e 147 (brancos) óbitos por 100 mil homens. Nessa faixa etária foi levantada a prevalência de mortes por doenças de fígado, freqüentemente provocada por excesso na ingestão de bebida alcoólica.
Verificou-se uma taxa de 16,2 óbitos de negros por 100 mil homens, e 15,3 mortes por 100 mil homens na população branca. Incluindo os casos de morte natural, também é maior, em 20%, as mortes entre de negros. A cada 100 mil homens, foram registrados 346,1 óbitos de negros e 290,6 de brancos.