Arte: Mama África, de Ana Zanarella
Ao ouvir a música de Chico César, tão antiga e tão atual, uma reflexão sobre as mães do Brasil é inevitável.
Mães solteiras, que tem que fazer mamadeiras todos os dias, sempre, além de trabalhar como empacoteadeiras em lugares, ou na própria, Casas Bahia.
O salário (que salário mesmo?), mantendo a escrivão bem modernizada, enriquecendo que não tem coração, porque Mama África é assim, aquela menina negra, solteira, com filhos para criar e um coração do tamanho deste mundo, ó. Que abriga o amor e lhe dá coragem de viver mais um dia.
Sim, a Mama África tem tanto que fazer, porque além de cuidar do neném, de fazer denguinho, é, a Mama África vai e vem, todos os dias, em trens lotados e filas de supermercados.
É, Mama África tem calo nos pés, e não dá nem para dançar o jazz ao lado dos filhos de oluduzam.
Sem jazz, Mama precisa é de paz, de descansar…
Palavra proibida para Mama África, afinal, ela é mãe solteira…e tem de fazer mamadeira. Todo dia.
Ó, Mama não quer brincar mais e pede ao filhinho um tempo, afinal é tanto contratempo, no ritmo de vida de Mama, que não se cansa, tá cansada.
Não quer brincar, mas se não brinca, para onde vai a vida?
Com tanto tempo, sem ter tempo para nada…!?
É, sempre atual.
Por que será mesmo?