“Ilú Obá de Min – Educação, Cultura e Arte Negra é uma entidade feminina, sem fins lucrativos, que surgiu ao longo de vinte anos de pesquisa-ação desenvolvidas com variados grupos sociais, tendo como base as culturas de matriz africana e afro-brasileira.
O objetivo da entidade é preservar e divulgar a cultura negra no Brasil, mantendo diálogo cultural constante com o continente africano através dos instrumentos, dos cânticos, dos toques e da corporeidade, além de abrir novos espaços, de maneira lúdica e responsável, visando o fortalecimento individual e coletivo das mulheres na sociedade.”
É com essa descrição que o bloco-afro Olú Obá de Min se apresenta em seu site, cujo endereço é o www.iluobademin.com.br. Ali trata-se, ainda, de projetos sociais e culturais, influências musicais, Carnaval, boletins de atitudes etc…
É sempre bom lembrar que o carnaval é uma manifestação cultural que encontrou no Brasil toda a dinâmica que uma manifestação cultural deve ter: fé, música e diversão. É claro que não iremos encontrar a essência disso na TV, onde somente os produtos FAMA e CARNAVAL, que geram espaços publicitários rentáveis, padronizam com a exigência do tempo e com a riqueza do vestuário a forma de apresentação do grupos, no caso escolas de samba, que desfilam por uma avenida montada pelo poder público especificamente para o evento.
Não tiremos todo o mérito de tudo isso, por outro lado, porque também é belo assistir as escolas de samba do Rio e de São Paulo pela TV. Mas, ocorre que é tão ou mais belo acompanhar uma manifestação de bloco de carnaval, ao vivo, pelas ruas de uma cidade brasileira. Tanto que Recife ganha como a cidade onde comparece o maior número de pessoas, ou seja, o carnaval de verdade, o de rua, acontece na capital de Pernambuco! Isso, pelo menos, nesse ano de 2009. A maior representação do carnaval não está, portanto, na TV.
O Bloco Ilú Obá de Min é um projeto incrivelmente bem concebido no que diz respeito à pesquisa e divulgação da cultura afro. Desde 2004, eles abrem o carnaval em São Paulo e apresentam-se em instituições públicas e privadas pelo país, e também em eventos especiais como a noite de premiação da “Mostra Internacional de Cinema Negro, Colombia Y Brasil a Una Solo Voz”. Em suas oficinas são ministradas aulas de tambores e dança, como projeto social ou preparo para o carnaval seguinte.
Seguir o bloco é surpreendente! Embora o percurso encare as mal planejadas ruas largas e estreitas do centro de São Paulo, fazendo com que o público se aperte em demasia algumas vezes, a sonoridade e a energia das mulheres agitam qualquer ser vivo e, por que não, alguns espíritos que porventura estejam a vagar nos arredores do centro. A música de rica melodia nos faz entender a própria música brasileira e suas raízes, exaltada no canto das mulheres e amplificada pelo carro de som.
Por meio da saída fotográfica coordenada pelo professor André Douek, que atualmente trabalha na Secretaria Municipal de Cultura, tive a oportunidade de registrar, em forma de ensaio, alguns momentos de preparo e pura alegria do bloco Ilú Obá de Min, e que só o Brasil, com sua matriz populacional ricamente misturada, pode proporcionar.