Foto: autoras do livro-reportagem
Frente às discussões provocadas pela jornalista Bárbara Gancia e o escritor Sérgio Vaz, sinto-me na obrigação de botar mais lenha na fogueira.
Além de fazer das palavras de Sérgio Vaz as minhas, gostaria de esclarecer algumas coisas. Estive lendo a declaração de Alessandro Buzzo na revista RAP Brasil onde ele afirmava que era um escritor marginal porque era marginalizado, mas agia preconceituosamente em relação às teses acadêmicas sobre o hip hop.
No meio do fogo cruzado, postei no meu blog assim, adaptando do texto dele: “Me considero uma escritora marginal porque sou marginalizada. Se chegamos atrasados no trampo, o patrão olha torto. Somos escravos modernos. Hoje não existe escravidão, mas existe salário, que nunca dá para o que precisamos, o transporte é mó veneno. Essa vida é marginal. Se escrevo e vivo nessa vida, sou uma escritora marginal. É original porque vivo isso, apesar de ter feito faculdade e escrito uma tese sobre a periferia, esse é o meu dia-a-dia”
Para os hip hoppers, que acham que acadêmicos e estudiosos não podem ser da cultura porque não passam os mesmos venenos. Puro preconceito. Sou uma jornalista que vive o hip hop no dia-a-dia e luta para preservar a cultura. Sou uma jornalista que foge à regra, ando de busão/ trem lotado, não é porque estive numa sala de aula de um curso superior e escrevo sobre política, arte e filosofia que sou diferente ou elitizada. Não é porque carrego um diploma debaixo do braço que deixo de carregar a marmita amassada na bolsa. Também estou nesse país vendendo o almoço para pagar a janta, por mais contraditório que isso pareça.
Para a ‘jornalista’ (que envergonha a classe) Bárbara Gancia, eu escrevo para enganar a fome e boto no papel as indignações que é ser um “escravo moderno”.
Respondendo sua pergunta, em seu próprio texto “Desde quando hip hop, rap e funk são cultura?”. Desde que você deixou sua ignorância tomar conta e não se informou para escrever.
Em primeiro lugar, hip hop é uma cultura. Uma cultura marginal, porque é feita pelo povo, vivida pelo povo e difundida pelo povo. É marginal porque está à margem da sociedade em todos os sentidos, porque é vítima do preconceito, explícito ou velado, porque é excluída e congrega os excluídos, dando-lhes oportunidades.
Portanto, o hip hop é uma cultura marginal, nascida na periferia, como um grito ensurdecedor de protesto, que fere, machuca e atinge. Até então o hip hop reflete o comportamento de uma classe social, uma grande parcela da população e por fim, de uma cultura com personalidade própria, singular. Esta cultura carrega consigo a força do protesto e da indignação. Ela sobrevive e se opõe ao obscuro mundo da criminalidade, contra a exclusão e incluindo, mesmo que ainda na marginalidade toda uma nação, num misto de alegria e tristeza, a cultura hip hop sobrevive, marca e faz história para quem se sente maravilhado por tudo que o hip hop proporciona.
Continuando, o rap é uma manifestação artística dentro da cultura hip hop, através do MC (Mestre de Cerimônias), assim como o break, o graffiti e o DJ.
O hip hop é uma cultura desde o dia 12 de novembro de 1974, quando o DJ Afrika Bambaataa o batizou no bairro do Bronx, gueto de Nova Iorque, na tentativa de congregar os negros do local para atividades artísticas, substituindo as brigas entre as gangues pelas rachas entre as crews (grupos) de break ao som do DJ, da voz do MC, sob os graffitis nos muros. Quando Bambaataa resolveu batizar o hip hop (termo em inglês que na tradução literal significa saltar movimentando os quadris, mas que na prática vai muito além disso), o fez na esperança de disseminar: “Paz, amor, diversão e união”, segundo as palavras do mesmo.
Quem sabe, se antes de julgar, sejam jornalistas ou hip hoppers, as pessoas pensem, observem, pesquisem e pratiquem as palavras de quem criou uma cultura?!
”
Vem ardendo, sangrando e machucando. É o berro que emanda dos morros, guetos e favelas. Vem dos locais mais pobres, o grito desesperado que vem da periferia. Chega ao asfalto carregado de protesto, indignação, carência, vontade, luta, marginalidade.
A força que vem do lado negro, pobre, inferiorizado. Atinge toda sociedade com sua forma, sua arte e sua cor. O nome dela é hip hop e está aí para fazer barulho, debater as questões controversas de uma sociedade que se finge de surda para este grito de protesto.
Hip hop é um termo que vai além. Significa cultura, mas também significa movimento, arte, expressão, paz, amor, soluções, lutas e igualdade de direitos.
O hip hop é ilustrado por personagens sobreviventes de guerra. Uma guerra diária pela vida. Ele acolhe e tenta proteger os que já nascem condenados à morte. Personagens reais, cercados pela miséria, fome, desabrigo, armas de fogo, tráfico e desrespeito. Em meio a tantas armas que eles podem escolher no jogo rela do “matar ou morrer”, o hip hop escolhe a maior de todas as armas: a cultura. Uma cultura marginal, mas que não é propriedade dos grandes, não é da elite nem da burguesia. É a cultura de quem foi capaz de criá-la e levá-la adiante. É a cultura das ruas, do povo.
O hip hop não foi inventado, ele nasceu naturalmente no gueto, recebeu a forma dos negros e excluídos e hoje auxilia o povo a encontrar uma identidade. Esta cultura marginal traz de volta os sonhos daqueles que carregam o sofrimento como estilo de vida. Ela eleva a auto-estima daqueles que antes eram forjados de estorvo pela sociedade.
Através de expressões artísticas intensas, o povo da periferia encontrou no hip hop a vontade de viver, motivação e a consciência de cidadania. O mínimo que o hip hop propõe com suas manifestações e expressões que mudam e desenvolvem-se a cada dia é um olhar livre de preconceitos”.
Texto retirado do livro Hip Hop – A Cultura Marginal
O que mais dizer senão minhas próprias palavras no capítulo de abertura do meu livro, resultado de mais de um ano de trabalho árduo para concluir, com muita dificuldade o curso de jornalismo. Fugindo da generalização de que os jornalistas são elitizados, cá estou, militando pelo hip hop e gritando, com ardor, o que eu penso sobre o texto da jornalista Bárbara Gancia.
Salve !
Paz, amor, diversão e união
Jéssica Balbino
Mais detalhes da polêmica sobre o Hip Hop no site Leia Livro
Leia também o artigo Pra que discutir com madame?, de Toni C., autor do livro Hip Hop a Lapis, no portal O Vermelho
O livro Hip Hop – Culura Marginal é uma prodiução independente de [Anita Motta e Jéssica Balbino->
http://www.fae.br/Noticias/n578.html], como trabalho de conclusão de curso para gradução em Jornalismo, no ano de 2006 para a UNFAE (Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino de São João da Boa Vista, SP)
Informações sobre o livro: hiphopaculturamarginal@hotmail.com
Hip Hop – A Cultura Marginal
Oi Bárbara!
Quero dizer que estou totalmente de acordo contigo…não sou de nenhum dos dois campos, apesar de formada na universidade(história/USP) não sou da elite ( tb ando com marmita, de busão, trem, etc), não sou da periferia (apesar de morar bem longo do centro e num bairro super modesto) e também não sou do hip-hop. MAS você está RE-PLE-TA de razão….só acho que, sinceramente, faltou colocar alguns pontos a mais nesta reflexão para fazer a senhorita Bárbara G. pensar (se isso não for muito custoso a ela): que o hip hop também influenciou TODA a música pop desde que surgiu, se não na atitute, na sonoridade, ou na dança…é bem provável que a srta Bárbara G., nos seus momentos de descontração, já se tenha pego dançando aquele hit (prince, maddona, michel jakson ou alguém de menor calibre, não é?) e nem se deu conta que fazia parte deste encontro diversificado e rico de vivências ATRAVÉS da arte ou de outras manifestações que é próprio da CULTURA, afinal, como diz o poeta mexicano Otávio Paz, uma cultura só permanece viva em contato e troca com outras culturas…nada contra jornalistas, pelo contrário, mas acho que talvez fosse propício estudarem um pouco mais os conceitos (como o conceito de CULTURA) antes de saírem por aí emitindo “opiniões” vazias de sentido(até porque fica feio)… Coisa com o que, contrariamente, você demonstrou se preocupar em seu texto.
Salve, que a paz esteja contigo. E o que mais se pode fazer além de lamentar quem não sabe o que é toda 4a. feira pregar a poesia (ao invés do sermão) no coração da periferia ou em qualquer coração, não é?
Grande abraço a ti e ao queridissimo Sergio Vaz,
Leandra Yunis
Hip Hop – A Cultura Marginal
então Bárbara,vc está redondamente enganada!Ou diria (quadradamente).Sou rapper do grupo U>Clanos,a 13 envolvido diretamente com a cultura hip hop,realmente é muita falta de informação e ética pra alguém que se intitula jornalista!Vou te dar um conselho,leia a obra Hip Hop Cultura Marginal, das Jornalistas Jéssica e Anita,lá tem o que vc preciza saber sobre nossa Cultura!Lá tem o que vc preciza e algo mais,e outra,aceite o debate proposto á vc,vai ser no mínimo dígno de pena!!!O Hip Hop é uma Cultura Universal,respeito por favor!Qualquer coisa estamos aí,pra perguntas e respostas!!!
Hip Hop – A Cultura Marginal
Como sempre Jéssica, brilhante.
Aline Bertoli
Hip Hop – A Cultura Marginal
nesta reportangem vcs falam
O Hip Hop não foi inventado, ele nasceu naturalmente no gueto, recebeu a forma dos negros e excluídos e hoje auxilia o povo a encontrar uma identidade.
naum discordo mas qnd vcs dissem q foram inventados por negros eu discordo do q do msm jeito q tinham negros no gueto tinha brancos q tbm eram excluidos da sociedades
e de certo modo d q vcs falam parece q os brancos hj naum atura o hip ho q e muitu aceito peicinpalmente pelos adolecentes (Brancos) d hj em dia.
Hip Hop – A Cultura Marginal
COMO QUE EU FAÇO PRA CONSEGUIR O LIVRO- HIP HOP A CULTURA MARGINAL
TENHO ENTERESSE EM TELO E ADIQUIR UM PARA A BIBLIOTECA MUNICIPAL E QUE TRABALHO
MEU EMAIL E afrodupactus@hotmail.com ou auxbibliotecafro@yahoo.com.br
Estou esperando respostas
José Afonso Siqueira o Tipo Afro Grupo Pactus do Rap
Hip Hop de Embu SP responde á jornalista Barbara Gancia
POXA…. Esse cara filosofou muito, gostei de suas palavras. Para quem acha que ser Rapero é só criticar o governo e o sistema, o texto acima mostrou quem faz a diferença.
Parabéns ao DJ Kurtis…Já o vi tocar gaita com sua banda e curti muito (ele manja muito de Funk e Soul), mas não sabia desse dom de escrever.
Abraçosss
DJ RAFA
PORTO ALEGRE – RS
Hip Hop de Embu SP responde á jornalista Barbara Gancia
oi, estava lendo oq escreveram pra vc e concordo, em primeiro lugar ninguem tem o direito de julgar algo q ñ conhece de verdade, póis falar td mundo fala, saber q é bom, só poucos tem esse previlegio………..