No dia 12 de novembro de 2008, aconteceu na UFES – Universidade Federal do Espírito Santo o I encontro do Fórum Permanente de Educação Afro-brasileira; compartilhado a este também foi realizado a abertura do curso de pós-graduação em nível de aperfeiçoamento – “Educação para relação étnico-racial”. Realização: Centro de Educação/UFES, Secretaria Estadual de Educação/SEDU, Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGE/CE/UFES; e Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros – NEAB/UFES.
O Curso de Formação Continuada de Professores – Estudos Afro-Brasileiros – I Curso Educação para as Relações Étnico-Racial Afro-Brasileira, nível de pós-graduação lato sensu, categoria aperfeiçoamento, tem como objetivo o estudo e pesquisa relativos à história da África, dos afro-descendentes e à Educação das Relações Étnico-Raciais, com ênfase na organização curricular e no trabalho pedagógico para a Educação Básica.
Nesse sentido, pretende promover a formação de profissionais que atuam no ensino fundamental e médio, função docente e/ou pedagógica, atendendo a titulação mínima exigida pela legislação educacional em vigor, tendo como perspectiva preparar educadores para uma atuação profissional que vai além da docência, dando conta da gestão dos processos educativos e pesquisas que acontecem na escola e no seu entorno.
A Coordenadora Geral de Diversidade SECAD/MEC – Profª. Drª. Leonor Franco de Araújo, fez uma apresentação do Fórum e explanou sobre a importância do mesmo para o fortalecimento da implementação da LEI 10.639/03; e o papel social, fiscalizador, impulsor, parceiro; e colaborador que terá junto aos profissionais da Educação no que tange as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Não se trata de criar nova disciplina no currículo, mas inserir os conteúdos nas disciplinas do ensino fundamental, médio; e superior nas escolas publicas e privadas. Outro tema abordado foi à formação de professores, que é um dos pontos relevantes para cumprir o que determina a Lei nº 10.639/2003.
As religiões de Matrizes Africana sempre presente nos encontros, teve uma participação muito ativa e importante na formação e composição do Fórum Permanente de Educação Afro-brasileira – será representada por mim, Geovan de Xangô; e por meu irmão que é Professor – Pai Geová D’Oluaiyê Táta de Inkisses. Mostrando que as Religiões e os Quilombolas são uns dos principais atores dentro desta discussão; e que a verdadeira história seja contada mostrar que até hoje as Religiões de Matrizes Africana e suas casas são verdadeiros núcleos duros de resistência da cultura negra. Elas são muito mais que centros religiosos. São territorialidades negras dentro das regiões urbanas e rurais, sendo o principal símbolo de resistência dos afro-descendentes no Brasil. E que pedagogicamente não se deva falar das religiões de forma confessional ou litúrgica.
Os negros sempre sofreram com a intolerância religiosa porque o Brasil não assume o quanto é plural e diverso, no entanto, o quadro mudou muito, por influência do movimento negro. Hoje os negros não têm mais vergonha de usar suas contas; hoje o povo do santo está mais ereto, com a cabeça erguida.
Alguns fatos têm contribuído para que as mudanças ocorram mais ràpidamente:
Mobilização dos Religiosos afro-brasileiros e simpatizantes para um olhar mais sensível e atento para o ãmago das Religiões de Matrizes Africanas;
Valorização da tradição e história oral, preservando as riquezas culturais e a memória coletiva;
Incentivo a Pesquisa e história de Lideranças afro-religiosas propiciando organização de acervo, sensibilizando educadores e/ou profissionais em educação para que incluam em projetos pedagógicos a temática étinico-racial religiosa;
Fortalecimento da auto-estima das crianças e adolescentes afro-descendentes religiosos, incentivando-os na busca do conhecimento de suas raízes;
Contribuir no processo de resgate de auto-estima e identidade do povo negro impondo barreiras frente à intolerância Religiosa e racial;
Respeito aos mais velhos, valorizando sua memória e sabedoria na preservação da cultura e história ancestral; e,
Consolidação dos terreiros como espaço de resistência, vida, saúde, acolhimento e cuidado com o outro, resgatando desta forma seu verdadeiro papel na sociedade.
19 de dezembro de 2008 - 19:39