O Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) lançou, nesta segunda (25), na sede da empresa, em Brasília, o Censo EBC, iniciativa está alinhada com o plano de ação do Programa Pró-Equidade, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. O evento marca o pontapé inicial para a campanha interna que visa a sensibilizar o corpo funcional da empresa para se autodeclarar a respeito de cor, gênero, orientação sexual e nível de escolaridade.
Por meio de um questionário, cada empregado será convidado a se autodeclarar de forma voluntária a respeito de sua cor, gênero, orientação sexual e nível de escolaridade. Com isso a empresa pretende reafirmar a igualdade de oportunidade para todas os empregados. As informações prestadas por meio do questionário divulgado internamente terão garantia de sigilo absoluto e só serão usadas para fins estatísticos.
O objetivo do Programa Pró-equidade de Gênero e Raça da EBC com o Censo é mapear e acompanhar a evolução do corpo funcional da Empresa. “A iniciativa é a espinha dorsal do programa de pró-equidade”, define Mara Régia, radialista da Rádio Nacional de Brasília e membro do Comitê. “A gente precisa saber qual é a nossa cara. Quem são as mulheres dessa empresa, quem são as negras que aqui estão ocupando que cargos, que postos de chefias?”
O Censo é, explica Mara, a principal ferramenta para o diagnóstico, planejamento e intervenção, na definição de objetivos e prioridades para implementação de políticas. “É por meio do Censo que políticas de gestão serão criadas e desenvolvidas para melhor implementar uma igualdade de oportunidade para todas as pessoas independentemente de sexo, de cor ou de orientação sexual”, afirma. Os dados coletados também embasarão os processos seletivos internos e de progressão funcional, bem como os projetos de capacitação, qualidade de vida e combate a todas as formas de discriminação ou assédio.
O resultado do Censo vai contribuir ainda para a formação de novas concepções de gestão e, principalmente, na cultura organizacional da empresa, ampliando a diversidade em produtos e estimulando as empresas parceiras a considerarem a equidade em sua gestão.
Pioneirismo
O diretor-presidente da EBC, Ricardo Melo, destacou que o Censo é uma iniciativa pioneira que orgulha a EBC. Segundo ele, a coleta das informações é essencial e reflete a missão e os valores que fundamentam a instituição. “É dessa forma que nós podemos mapear a sociedade que existe, não a dos números frios.” Ricardo elogiou ainda o trabalho do Comitê, “ele tem a importância de mostrar que o que a EBC pretende ser para fora reflete o que ela é aqui dentro”.
O pesquisador e membro do Conselho Curador da EBC, Joel Zito de Araújo, incentivou os empregados para que participem do Censo. “Nós não podemos desconhecer que historicamente o brasileiro sempre fugiu de assumir a sua diversidade racial assim como o diabo foge da cruz”, pontuou. Ele lembrou como as ideologias do branqueamento e a preponderância de estereótipos brancos de sucesso na mídia fez com que pardos e negros quisessem fugir da sua origem e negar a questão racial. “Não vamos conseguir superar essas desigualdades se não tivermos coragem de assumir quem nós somos”, enfatizou.
Políticas Públicas
A representante da Seppir, Renata Melo, que também é historiadora, destaca a importância de que haja coleta de informações para que se possa desenvolver políticas públicas eficazes. “É fundamental pensar na construção de políticas públicas através de informações que sejam próximas à realidade”. Ela acredita que uma iniciativa como a da EBC pode contribuir efetivamente para que se consiga mostrar um retrato preciso da diversidade brasileira. “E nós sabemos que historicamente vivemos o mito da Democracia racial, de que aqui não há conflitos, que não já problemas, mas constatamos que em pleno século XXI esses conflitos, essas diferenças existem.”
A representante da ONU Mulheres, Isabel Clavelin, elogiou a EBC, ressaltando que o Censo se coaduna com as ações do organismo, especialmente o Por um planeta 50 50, que visa a promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres até 2030. “Esse movimento que se inaugura hoje se coloca nessa direção”, destaca. “Com o Censo será possível identificar onde estão, quem são, em que posições e por que determinadas pessoas ocupam os espaços de decisão”. Para ela, esse é um passo essencial para que haja realmente mudanças na direção da equidade.