São Paulo – O levantamento divulgado hoje (16) pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) revela que ocorrem mais óbitos por causas externas entre as jovens negras (10 a 24 anos) do que entre as jovens brancas no estado de São Paulo, mas com diferenças bem menores do que constatado na análise da população masculina.
O índice alcança 18,1 mortes por 100 mil mulheres nas jovens de cor negra, e 17,4, no caso das brancas. A diferença que chamou a atenção dos pesquisadores, no entanto, está na causa dessas mortes.
Levando em conta as causas externas, mais da metade das jovens brancas (71%) morre em função de acidentes de trânsito. Já mais da metade das jovens negras (58%) morre assassinada.
As jovens negras na faixa de 15 a 24 anos são ainda em maior número no caso de mortes decorrentes de problemas no parto ou complicações da gravidez, o que é atribuído “ao acesso desigual à assistência médica”, ressalta o relatório técnico.
No caso das mulheres com idade entre 25 e 39 anos, há 32% mais casos de mortes entre as negras do que entre as brancas. As doenças do fígado afetam 89% mais negras do que brancas e estas, por sua vez, têm taxa superior em 10% nas mortalidades por câncer de mama. As mortes por complicações na gravidez, parto e puerpério são 32% maiores entre as negras em comparação com a população de mulheres brancas entre 25 e 39 anos.
Em São Paulo, a população negra representa 30,9% dos quase 27,4 milhões de habitantes. Na próxima segunda-feira (20), Dia da Consciência Negra, organizações do movimento negro farão a Parada Negra na capital paulista para reivindicar mais ações de combate ao preconceito, violência e racismo institucional.