Marcha em Salvador já é a 31ª

Neste sábado 20 de novembro, a partir das 14 horas , a Coordenação Nacional de Entidades Negras –CONEN, organização do Movimento Negro, realiza sua 31ª Marcha da Consciência Negra.

A marcha sai do Campo Grande sentido Praça da Sé, tendo este ano como objetivo homenagear e lembrar um dos importantes ícones da luta negra no Brasil o marinheiro João Cândido. “A Conen é uma das organizações que vem orientando a luta política contra o racismo de forma precisa, entendendo que para o Brasil ser igual é preciso que suas gerações cresçam sem racismo, machismo, preconceito e discriminação de qualquer natureza” afirma um dos coordenadores da caminhada Cristiano Xadê.

O 20 de novembro foi estabelecido pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. A criação desta data foi importante, pois serve como um dos momentos de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação nacional. Os negros africanos colaboraram muito, durante a história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos do Brasil. Logo o 20 de novembro é um dia que se comemora nas escolas, nos espaços culturais e em outros locais, a valorização da cultura afro-brasileira completa Xadê.

Por conta destes fatores a Conen irá homenagear este grande ícone chamado João Candido.João Cândido é conhecido como o herói da Revolta da Chibata. Ele liderou em 1910 o motim no qual dois mil marinheiros negros obrigaram a Marinha a extinguir punições desumanas contra os soldados, como ofensas, comida estragada e chicotadas. Os revoltosos conseguiram seu objetivo, mas foram expulsos dos quadros militares, presos ou mortos. Só recentemente João Cândido saiu da condição de personagem esquecido da historiografia oficial para o papel de protagonista.

Quem foi João Cândido?

Em 2008, uma lei concedeu anistia póstuma a ele e a outros marinheiros. A reparação, porém, foi incompleta. No ano do centenário da Revolta da Chibata, João Cândido e os outros revoltosos continuam sem as devidas promoções e seus familiares sem receber indenização ao contrario de diversos nomes da ditadura militar.

Por causa da exclusão da Marinha, ele não pôde mais conseguir emprego formal. Mudou-se para São João de Meriti, onde parte de sua família vive até hoje. Por décadas, sustentou a mulher e os sete filhos com o que ganhava como pescador. Uma imagem nada condizente com o personagem épico que o jornal “O Paiz” descreveu como “o árbitro de uma Nação de 20 milhões de almas”. João Cândido morre na miséria em 1969, em Meriti.

Cantado em versos e prosas por artistas como Elis Regina e o compositor Aldir Blanc, autor da letra do samba “O Mestre-Sala dos Mares”, em parceria com João Bosco Lançada na década de 70, em plena ditadura, a música conta a história da Revolta da Chibata.

A Revolta da Chibata se desenrolou entre 22 e 27 de novembro de 1910, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, então capital federal. A Marinha tornou público seu ressentimento contra João Cândido em 2008, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou uma estátua em homenagem a ele, na Praça XV. Na ocasião, oficiais reclamaram e só se acalmaram quando conseguiram a garantia de que o monumento não ficaria de frente para a Escola Naval, situada ali perto. A estátua está voltada para o mar.

O que: 31 ª Caminhada do 20 de Novembro : Revolta da Chibata João Cândido

Onde: Campo Grande a Castro Alves

Realização: Coordenação Nacional de Entidades Negras- CONEN

Horário: 14 horas

Informações :

Luciane Reis – 71-8782-7739 / 71-99592350, Lucianereispp@hotmail.com, Gilberto Leal – 9982-9116, nigerokan@gmail.com

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