Ainda mais colorida

Foto: Negra Jhô, Takyiwaa Manuh e Jaqueline Ki-Zerbo participam da 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora.

Desde a última terça-feira (11), quando começaram a chegar a Salvador os participantes da 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora, a Bahia ficou ainda mais colorida. Já no aeroporto e na rodoviária da cidade, e depois no Centro de Convenções da Bahia, o colorido das roupas africanas, adereços e o cuidado com os penteados demonstravam o orgulho negro e a cultura de outro continente.

Por todo lado eram vistos túnicas, colares, turbantes, torços (lenços menores que envolvem os cabelos), vestidos amarrados, tranças nagôs e penteados dread look que caracterizam a maneira africana de se vestir.

A representante do Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais na África, Marema Touré, que veio do Senegal e usava seu traje típico, explicou que este tipo de roupa não é um traje de cerimônia. Segundo ela, as túnicas são usadas pelas mulheres no dia-a-dia e são muito confortáveis. A diferença é que no cotidiano eles são mais simples que quando usados em festas e cerimônias.

De acordo com a historiadora Edileuza Penha de Souza, que também é consultora da Unesco para assuntos de educação e questões étnicas e raciais, a indumentária africana está relacionada com a beleza, a religiosidade e a identidade do povo negro. ”A roupa não nasce para proteger o corpo, mas como uma forma de beleza, não só para aparecer ao outro, mas para os deuses”, contou a historiadora.

Segundo Souza, essa cultura e diversidade comum na África pode ser vista também no Brasil, resgatada pelos terreiros de candomblé e indumentárias das baianas. Segundo ela, é um resgate da cultura africana e que hoje passou a fazer parte do cotidiano. “É uma volta para casa. É uma volta às origens”, ressaltou.

Conforme a historiadora, o costume africano de pintar o corpo, observado inicialmente nos povos etíope e Mali, atravessou o oceano e trouxe para o ocidente hábitos como, por exemplo, o de usar batom e colorir a região dos olhos com lápis e sombras.

Sobre as cores vibrantes, a historiadora explicou que estão relacionadas com a prática ancestral africana de utilizar elementos da natureza, como plantas, terra e flores para fazer tingimentos. Souza explicou o significado das cores símbolo da cultura africana. “O verde são as matas e florestas, o amarelo o ouro, o negro que é a pele do africano e o vermelho é todo o sangue que foi derramado, e que a gente espera ver cessar, assim como o genocídio que o ocidente praticou com o continente africano”.

Negra Jhô foi uma das personalidades que chamaram atenção durante a conferência pela exuberância de seus trajes tipicamente africanos. Há mais de duas décadas ela dirige um centro de beleza negra que fica no Pelourinho. Para Jhô, usar as roupas africanas é muito mais do que uma questão de beleza: “Jamais viria para a cá vestida assim se não usasse as roupas todos os dias, porque a África não é um dia de festa, todos os dias são”.

Ela contou que quando criança era acusada de ser diferente e apanhava muito em casa por querer usar roupas características da cultura negra. Hoje, ao participar da conferência, ela fala com orgulho que tudo o que passou valeu a pena. “Pelo meu valor, pela minha auto-estima, pela minha estética. Para manter os meus ancestrais. Não visto para aparecer, a África está em mim, são meus ancestrais, é meu povo” arrematou Jhô.

2 thoughts on “Ainda mais colorida

  1. Minha pesquisa
    Não achei o que queria nesse site, e acho que foi uma propaganda enganosa, pois pesquisei sobre os significados das cores na cultura africana e me apareceu essa matéria que não tem nada a ver com a minha pesquisa.
    Espero que vocês melhorem o conteúdo dessa matéria, tá?!
    Atenciosamente…
    Desconhecido

  2. Ainda mais colorida
    Gostaria de saber, se o significado das cores são veridicos, porque preciso fazer um trabalho do colégio e essa foi a melhor fonte em que encontrei estes significados.

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