Adeus ao comandante Crioulo, 34 anos depois

Há pouco mais de 34 anos, na Avenida Santo Amaro, em São Paulo, uma emboscada chefiada pelos agentes do DOI-Codi, Capitão Nei e tenente Lott – como eram conhecidos – prendia Luiz José da Cunha, o Comandante Crioulo, assassinado depois sob tortura e desaparecido desde então

Na manhã de sexta-feira, 1º de setembro de 2006, em cerimônia realizada na Catedral da Sé, em São Paulo, seus restos mortais foram finalmente entregues à sua família.
A viúva Amparo Araújo leva agora a urna mortuária para o jazigo familiar em Recife, onde Luiz nasceu em 1943.

Comandante Crioulo foi o único negro até agora encontrado entre os corpos de desaparecidos políticos da ditadura militar. Ele militava na organização ALN – Ação Libertadora Nacional, desde sua organização por Carlos Mariguela.

A indicação de cor branca, na certidão de óbito, foi a forma que a ditadura encontrou para impedir a identificação do corpo, enterrado junto com vários outros desaparecidos no Cemitério de Perus, em São Paulo. O laudo foi assinado pelos médicos legistas Harry Shibata e Orlando Brandão, que trabalhavam para o regime. As fotos de seu corpo são evidencias das torturas que o laudo ignora.

Embora a ossada – incompleta – de Luiz José cunha tenha sido exumada em 1991, durante trabalhos de buscas de corpos de desaparecidos políticos no cemitério de Perus, a identificação só foi possível com exames de DNA. O Estado foi responsabilizado, de acordo com a Lei 9.140/95.

Participaram da cerimônia entidades e comissões de direitos humanos, de Ex-Presos Políticos (que concede indenizações às vitimas da ditadura) e a secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, que organizou a cerimônia na Catedral da Sé.

Arte: Adeus, Lucemar de Souza

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