A construção escândalos faz parte da estrutura fantasiosa do capitalismo atual. Como bendisse Manuel Castells já aqui citado em nosso blog:
“O triunfo da «personalização» da política reside no fato de que a forma mais convincente de combater uma ideologia passa a ser o ataque contra a pessoa que encarna uma mensagem. A difamação e os boatos tornam-se uma arte dominante na política: uma mensagem negativa é cinco vezes mais eficaz do que uma mensagem positiva. Todos os partidos utilizam essa estratégia: eles manipulam e até mesmo fabricam informações. E não é a mídia quem cuida disso. Esse trabalho cabe aos intermediários, às empresas especializadas.
O resultado é uma ligação direta entre a «midiatização» da política, sua personalização e a difamação ou a prática do escândalo político, cuja banalização acarretou, nos últimos quinze anos, assassinatos de pessoas eleitas, crises de governo e até mesmo de regime político.
Isso nos leva à atual e profunda crise da legitimidade política em escala mundial, uma vez que há uma ligação forte e evidente, mesmo não sendo exclusiva, entre a prática do escândalo, a midiatização exacerbada da cena pública e a falta de confiança por parte dos cidadãos no sistema. Essa desconfiança pode ser ilustrada por uma pesquisa feita pelos serviços da Organização das Nações Unidas (ONU) segundo a qual dois terços dos habitantes do planeta afirmam não se sentir representados pelos seus governantes.”
Quanto á corrupção em si é uma prática comum no capitalismo está incorporada a ele e o grande erro do PT foi não perceber que este banquete não pode ser partilhado por convidados inconvenientes e não pertencentes a horda tradicional. O niilismo petista, forjado na experiência frustrante do exercício do poder e sua desesperança produziu e produz conseqüências negativas para toda a esquerda, que assiste abismada aos seus desvarios. Não tiveram a percepção de que como não pertencem aos círculos tradicionais de poder, às classes dominantes, suas ações seriam acompanhadas com o máximo de atenção pela mídia burguesa. Nesse sentido, se não houverem escândalos caberá a mídia comprometida com as elites, criá-los.
Se houve racismo em relação a ministra? É claro que houve, aliás o tempo todo, basta ver a forma deselegante como foi tratada pelos órgãos de imprensa tradicionais, durante sua presença no ministério. Desde quando uma mulher negra e pobre tem o direito de ser ministra. Haviam derrubado anteriromente a ministra Benedita da Silva como podiam aturar a ministra Matilde Ribeiro. Para resolver definitivamente o problema certamente vão pedir o fim da Seppir, com certeza é o próximo passo. No entender das elites toda essa discussão sobre o racismo é irreal e deve ser mantida onde sempre esteve, ou seja, na cozinha, sendo cochichado pelas vítimas secretamente para não atrapalhar o sono de seus patrões. Afinal as nossas elites estão acostumadas a ouvirem que são amigáveis, amorosas e sensíveis aos dramas dos seus empregados. Exploradores nunca, de jeito algum, nem mesmo quando durante a escravidão, logo após a Lei do Ventre Livre, jogavam os filhos recém-nacidos dos escravos nas ruas para morrerem a própria míngua, ou quando largavam os corpos de jovens escravos mortos, formando o que se sabe hoje um cemitério a céu aberto, no bairro da Saúde no Rio de Janeiro, ou mesmo quando já ex-secravos após a Abolição os negros foram deixados a própria sorte sem nenhum tipo de reparação ou indenização pelos anos de trabalho gratuitos na construção desta nação.