Foto: Arquivo III Marcha/ Gal de Souza
Em 1971, retomando uma longa e rica trajetória de participação política, o movimento negro sai às ruas para denunciar o racismo e lutar pela melhoria da condição de vida da população negra brasileira.
Em 20 de novembro 1971, há 36 anos, o Grupo Palmares de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, realizou o primeiro ato público da história do Brasil em homenagem a Zumbi.
Zumbi foi apresentado como herói nacional e o 13 de maio como farsa da abolição. Segundo o Jornal Versus, na seção do Afro-Latino América, a imprensa negra daquela época, liderada pelo jornalista Hamilton Cardoso, havia uma polêmica em relação às comemorações do 13 de maio.
O Núcleo Negro Socialista propunha sair às ruas nesta data porque avaliava que o 13 de maio era uma data simbólica para a população negra que ainda acreditava na “generosidade” da princesa Isabel e no mito da democracia racial, e exatamente por estes motivos era necessário reconstruir essa história através de uma visão crítica sobre o que foi a Abolição da Escravatura.
Naquela época havia, além do Jornal Versus, com a seção Afro-Latino América, o Jornal Árvore das Palavras, que era distribuído nos locais de grande concentração da população negra, no Viaduto do Chá, Igreja dos Enforcados na Liberdade, nas escolas de samba e nos bailes afros. Além do Núcleo Negro Socialista, outras entidades e grupos do movimento negro, como o Centro de Cultura e Arte Negra (CECAN), propunham mudanças nas comemorações do 13 de maio.
Em 04 de novembro de 1978, na cidade de Salvador, Bahia, o Movimento Negro Unificado, composto por uma infinidade de entidades e grupos que ingressaram no movimento, em Assembléia Nacional, decidiu pela transformação do 20 de novembro em Dia Nacional da Consciência Negra, contrapondo-se ao dia 13 de maio, que foi transformado em Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo.
Foi assim que o 13 de maio entrou no calendário de luta como o Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo, enquanto o 20 de novembro foi instituído como o Dia Nacional da Consciência Negra e a partir daí passou a ser comemorado por todas as organizações negras como a data mais importante da população brasileira.
Estava lançada a base para definição das duas principais bandeiras de luta do movimento negro brasileiro, uma representando a consciência social contra o racismo e a outra valorizando a memória de Zumbi dos Palmares.
A história do Zumbi dos Palmares
O 20 de novembro é o Dia Nacional Consciência Negra, data que consagrou o líder negro Zumbi dos Palmares.
Quem foi Zumbi dos Palmares? Líder do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência contra a escravidão que foi assassinado em 20 de novembro de 1695.
O Quilombo dos Palmares foi fundado em 1597, nas terras da Serra da Barriga, atual estado de Alagoas. Em pouco tempo, o seu ideal de liberdade e competente organização fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade.
Até que, em 1695, a expedição de Domingos Jorge Velho destruiu o Quilombo dos Palmares e assassinou Zumbi. Destruiu um território livre símbolo da resistência ao regime escravista e da consciência negra de homens e mulheres em busca da liberdade e da construção de uma nação.
Em 1995, depois de 300 anos de seu assassinato, foi realizada no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares – contra o Racismo pela Igualdade e a Vida, reunindo em Brasília cerca de 30 mil pessoas.
Zumbi dos Palmares foi oficialmente reconhecido pelo governo brasileiro como herói nacional.
Recuperar o ideário de Zumbi não é apenas rememorar Palmares, mas resgatar um importante exemplo de luta e organização pela emancipação do povo brasileiro.
Extraído do Jornal da IV Marcha
A história do dia 20 de novembro
obrigada por essa materia me ajudou muito a lembrar das coisas …