“Sim, é duro ler tudo o que está ali. Mas é necessário, visto que os campos de concentração, de trabalhos forçados e de extermínio não pertencem apenas ao passado”.
A Sibéria tem uma região maldita percorrida por uma estrada de 2 mil quilômetros construída sobre milhares de cadáveres de prisioneiros do gulag e por isso conhecida como A Estrada dos Ossos.
Kolimá é seu nome e, entre 1932 e 1956, recebeu mais de dois milhões de presos políticos e comuns que alimentaram com seu trabalho e suas vidas a estrutura criminosa de campos de trabalho e extermínio.
“Contos de Kolimá”, com suas mais de mil páginas, não são contos no sentido tradicional do termo, já que são histórias reais e não ficção. E neles, Chalamov, o trotskista considerado “inimigo do povo”, foi condenado a viver por quase vinte anos. Afinal, tentara imprimir o dito “Testamento de Lênin”.
Chalámov desenha em suas páginas o indivíduo absoluto. O ser desnudo em face da existência. É uma literatura que deixa ver o que é o homem, sua capacidade de resistir e de desagregar-se.
A quarenta graus abaixo de zero, cercado por seres cujo único objetivo é tomar o seu pão e que a cada manhã esperam encontrá-lo morto para pegar suas roupas. “Mesmo ali, entretanto, um homem ainda pode tentar ser homem”!
Carlos Russo Jr.
Convidamos à leitura na íntegra de nosso ensaio em: https://www.proust.com.br/post/chalamov-o-trotskista-em-kolim%C3%A1-o-inferno-stalinista