Yayá era o nome carinhoso de Sebastiana de Mello Freire, nascida em janeiro de 1887, numa tradicional família paulistana. Com grande cultura e amante das artes, Yayá nunca quis se casar, mas tocava piano, pintava e tinha a fotografia por hobbie. Contrariamente à imagem pública de senhora de hábitos avançados e de vida social agitada, os que a conheceram de perto dizem que tinha hábitos simples e vida social restrita a alguns grupos. O fato é que manifestações de desequilíbrio emocional levaram a família a interná-la aos 32 anos. Nos anos 20 mudou-se para a chácara da Rua Major Diogo, cuja arquitetura é calcada na visão da época, de que os sofredores mentais deveriam ser isolados, afastados da vida social. Lá ela viveu esquecida e sozinha até sua morte, em 1961.
Conhecida como a “casa da louca do Bixiga”, seu tombamento foi solicitado pela Profa. Marly Rodrigues ao Condephat (Conselho Estadual do Patrimonio Histórico Arquitetônico e Turístico), e desde 1969 a casa pertence à USP – Universidade de São Paulo. A União de Mulheres, também localizada no Bixiga, acompanha a história desde então. Com outras organizações, lutam, desde os anos 1990, para que se preserve a memória da casa e para que se dê uma utilização adequada ao espaço, pois existem inclusive propostas de demolição. Em 2000, no processo de luta, fundou-se o Bloco carnavalesco Casa de Dona Yayá que todo ano sai percorre o bairro do Bixiga e vai até a casa de Dona Yayá reverenciar a sua memória. Uma vez mais, encontramos a casa fechada.
Composto em sua maioria por feministas, este ano o bloco mudou o dia – saiu no domingo pela manhã, para encontrar a Casa de Dona Yayá aberta, conforme informação da USP. Mesmo assim, juntou mais de cem participantes. Se a quantidade não é muita, a qualidade é das melhores…
Amelinha Teles e Terezinha Gonzaga, entre fundadores do Bloco
Paramentadas ou não, todo mundo cantando e dançando sob a batucada do MST, parte da ala feminina da Unidos da Lona Preta!
As ruas do Bixiga vão sendo conquistadas na disputa do espaço com os carros, difícil por vezes…
Toda a diversidade das tribos feministas presente, o movimento antimanicomial, as culturas populares
… chamando a atenção dos moradores do velho e bonito Bixiga, abandonado pelos poderes públicos, mas cheio, cheio de gente com amor pela vida!
No trajeto… moradores de rua. E também palavras de ordem cantadas
“Canta sem terra 25 carnavais… acabar com a ditadura do dinheiro! …a juventude socialista é radical… e a nossa é internacional!”
Nesta casa vive uma mulher, que foi para as ruas fugindo de um marido agressor, nos conta Judith Gonçalves, socióloga que atua com moradores de rua no Bixiga. Um símbolo para o nosso carnaval, que se juntou ao 8 de março este ano. Uma “dona Yayá” moderna e metropolitana, pobre e “crakeira”, jogada também para fora da “sociedade”.
<“A violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer”
A Casa de dona Yayá, mais uma vez fechada, apesar das promessas de abertura… Mudou-se o dia do bloco de sábado para domingo, pois neste dia estaria aberta, com atividade… Os seguranças nada podem fazer, dizem, só não podem abrir, nem acionar ninguém, não existe responsável real, é a “instituição”…
Fora Alckmin!! Fora Kassab!! o coro é inevitável, chamando a atenção de moradores e passantes…
É a hora de todo mundo dar seu recado: Terezinha Gonzaga, pela União de Mulheres, Maicon, do Coral Cênico Cidadãos Cantantes…
… e as feministas do Unidos da Lona Preta, o bloco do MST, dá o seu, e o povo vibra no mesmo tom. “Estamos vivendo a barbárie… queremos uma sociedade mais justa. Fora o capitalismo!”
O Dia Internacional da Mulher, que este ano caiu justo na terça-feira de carnaval, tá só começando! Protagonismo da mulher é na luta por um mundo melhor, mais justo e solidário, em equilíbrio com a mãe Terra, na paz, com alegria e prazer.
Então, no dia 8 de março, todas as mulheres estão convidadas a engrossar o bloco “Adeus Amélia”, e levar sua mensagem com alegria por ruas centrais de São Paulo. A concentração é a partir das 14h, no final do “Minhocão”, próximo ao final da Av. São João e início da Av. Francisco Matarazzo, Largo Padre Péricles.
Carnaval feminista já começou
Terezinha valeu pela materia, pelas fotos muito bem escrita relatou o acontecido, enviei um e-mail para o reitor da USP.
Saudações CiberFeministas!
Ana Frank