Caminhada na Paulista encerra a 3ª Jornada Lésbica Feminista

Pois é, lá se vai quase uma década desde que as mulheres que amam outras mulheres, ou amam também mulheres, realizam a caminhada na véspera da Parada LGBT. A cada ano aumenta a participação neste evento, amplia-se a diversidade, assim como a presença de ativistas de outros estados do país. A Jornada Lésbica Feminista acontece pelo terceiro ano consecutivo, e contou com cinema lésbico, oficinas e debates, desde o fim de semana anterior.

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Entretanto, a Caminhada de Lésbicas e Bissexuais ainda é uma surpresa quando passa na Av. Paulista e continua invisível na mídia, incluindo a dita “alternativa”. Segundo as organizadoras, existe uma discriminação específica em relação às mulheres homossexuais, o preconceito social é ainda maior quando se trata de lésbicas, por isso a manifestação para aumentar a visibilidade de lésbicas e bissexuais. Outra característica desta manifestação é a maior politização por meio do discurso feminista e a incorporação de expressões artísticas da cultura popular.

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“Sou feminista, não abro mão…
Da liberdade do meu tesão!”

Organizada pela LBL – Liga Brasileira de Lésbicas, a programação dirigida especialmente às mulheres, contou com a presença de representantes dos Ministérios da Educação e da Saúde, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos, que vieram debater as respectivas políticas com lideranças de todo o país. “Liberdade, Saúde e Autonomia! Conquistar direitos todo dia!” foi o tema da Caminhada este ano. “A saúde das mulheres em geral, no Brasil, tem passado por muitas dificuldades e isso se agrava ainda mais no caso das mulheres lésbicas e bissexuais”, diz Lurdinha Rodrigues, articuladora nacional da LBL e representante do segmento no Conselho Nacional de Saúde. Ela cita como exemplo, “a primeira pergunta de um ginecologista, que em geral, é: ‘O que você faz para prevenir a gravidez?’, ou seja, um questionamento que parte do pressuposto de que ela tem relação heterossexual”.

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“Preste atenção, o corpo é meu
A minha roupa não é problema seu”

A lesbofobia faz com que muitas deixem a saúde e o ginecologista de lado, além do mito de que, por não terem relação com homem, não precisam fazer papanicolau e correm menos riscos de pegar DSTs. “Pela falta de investimento em estudos e pesquisas sobre a saúde de lésbicas e bissexuais, há uma dificuldade maior de se pensarem políticas públicas específicas”, continua Lurdinha. Segundo a liderança lésbica, há indícios de maior incidência de tabagismo, alcoolismo, uso de drogas e obesidade nessa população. Transtornos de saúde mental também se destacam na população LGBT, como acontece em todos segmentos discriminados.

“Libertar, libertar, o direito de pensar”

Se este ano a Caminhada e a Parada comemoram um novo marco legal, com a decisão do STF, favorável à união estável, reivindicam também a aprovação do PL que criminaliza a homofobia. Mas as mulheres querem muito mais, elas lutam por autonomia e liberdade, destacados fortemente nas palavras de ordem “cantadas” em toda a passeata. “Atravessamos a Paulista centrando nos temas das últimas manifestações de rua, com a Marcha das Vadias e a Marcha pela Liberdade”, diz Rita Ronchetti, ativista lesbo-feminista da Marcha Mundial das Mulheres. “A principal questão é a da liberdade mesmo, a liberdade de expressão, a liberdade de não comer veneno, a luta pelo direito a existir plenamente. Queremos essa liberdade para as mulheres do mundo inteiro”.

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