08/04/2010 20:40
As imagens da dor, por Sucena Shkrada Resk
Até ontem (7), poucas pessoas sabiam onde fica o Morro do Bumba. Em poucos minutos, o que já era uma área de risco, na cidade de Niterói, no RJ, se transformou em um espetáculo de horror difícil de ser esquecido. Estima-se que aproximadamente 200 pessoas ficaram soterradas, em questão de minutos, sob toneladas de lixo, pois elas moravam sobre todos esses resíduos e fonte de gás metano. A cena é tão dantesca, que é indescritível a dor que causa. Dor pela perda, pela humilhação de crianças, jovens, adultos e idosos serem misturados ao chorume, ao concreto, à lama e ao descaso crônico, que por décadas, marca a vida de cidadãos de baixa renda.
Quando vi, no final da tarde, uma menina em estado de choque salva pelos bombeiros, em cobertura ao vivo, pela TV Bandeirantes, eu pude sentir toda a fragilidade daquela criança diante do “monstro” que havia engolido sua casa e seus familiares. Mães, pais, avós, filhos chorando suas perdas. E agora, começou a chover denovo e há risco de mais deslizamentos, não só lá, mas em outras áreas. Com isso, os resgates de vidas e de corpos ficam mais difíceis.
O mais incompreensível é ouvir de representantes do poder público e de especialistas, além de moradores, em entrevistas à mídia, que sabiam há anos dessa situação, ou melhor, décadas. E o que foi feito para solucionar o problema? Absolutamente nada. Diagnósticos sobre a área se perderam na burocracia e com o descaso. A ocupação irregular avançou cada vez mais e o resultado é este – praticamente toda a comunidade local está ‘morta’ sob esse amontoado de resíduos, resultado de nosso consumo desenfreado.
A situação é extremamente grave, pois há milhares de pessoas que moram nos morros do estado do Rio de Janeiro, além de outras vítimas que perderam tudo com as enchentes. Até o momento, há o registro de mais de 15 mil desabrigados, segundo as autoridades locais, e esses números mudam a cada momento. Falar de mortos, então, é uma incógnita, diante deste deslizamento.
Fonte: Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk – www.twitte.com/SucenaSResk