Tais como os mitos, as lendas populares são histórias que têm raízes longínquas. Foram transmitidas século após século, tanto pela via oral, quanto pela escrita.
Elas são uma espécie de catálogo do destino que pode caber a um homem e a uma mulher, sob o comando do imponderável, do destino. E as fábulas da modernidade chegaram até nós enriquecidas por elementos fantasiosos, envolvendo quase sempre situações e seres sobrenaturais, em cujo princípio desponta a obra de Giambautista Basile.
Há quase quatrocentos anos ele usou o dialeto napolitano para remanejar conteúdos originários de novelas, de mitos, de jargões, de poemas cômicos, de histórias antigas e de momentos de seu povo, para organizar uma coletânea de histórias populares que ele intitulou de “Lo cunto de li cunti, ovvero lo trattenemiento de peccerille”.
Charles Perrault teve como base Basile para criar um conjunto de fábulas a serem contadas na corte de Luís XIV, como é o caso de “A Bela Adormecida”, de “O Gato de Botas” e da “Cinderella”. Do mesmo modo, as versões dos Irmãos Grimm para “A Bela Adormecida” e “Rapunzel”, dentre outras, possuem uma clara influência direta de “Lo Cunto de li cunti”.
Carlos Russo Jr