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Em dezembro, a comunidade política e científica Internacional se encontrará em Copenhagen no CoP-15, para discutir as providências que devem ser tomadas para que solucionemos os problemas causados pelas mudanças climáticas conseqüentes da crescente degradação da biosfera.
O Brasil precisa assumir a responsabilidade por um novo processo civilizatório sustentável em todos os níveis. A Amazônia e outros biomas, como a mata atlântica e o cerrado, vem sendo destruídos para satisfazer interesses mercantilistas auto-destrutivos. O PNMC revela-se insuficiente, diante do quadro atual. Mesmo o tratado de Kioto está muito atrás do que realmente deveríamos fazer, e ainda assim o tratado não é respeitado, o que revela uma tendência bio-suicida da civilização contemporânea. A grande verdade inconveniente é que 17 % da floresta foram destruídos. Ao mesmo tempo em que se verifica o aumento de investimentos em pecuárias e agriculturas tóxicas e destrutivas. Nosso Senado, Câmara de Deputados, nossa classe intelectual, a Universidade brasileira, a Sociedade como um todo, todos precisamos deixar claro que queremos crescer sim, mas que entendemos por crescimento algo muito além do que uma taxa percentual elevada do PIB; que não nos interessa crescer como a China, que em nome de um mercantilismo desenfreado, degrada seu Meio Ambiente, plantando, portanto, as sementes de crises ecológicas, morais e sociais. Também não queremos ser um novo Estados Unidos da América, pois não nos interessa o seu modelo insustentável de sociedade de consumo e show-bussines. Queremos descobrir nossa brasilidade, exercer um novo “estar no mundo”, sermos lideres sim, mas não nos moldes arcaicos das velhas lideranças. Queremos muito mais do que crescer, queremos amadurecer como Civilização, queremos evoluir como Humanidade.
O Brasil vem contribuindo horrivelmente para o aquecimento global por conta das queimadas assassinas, do geocídio horripilante. Se somos pensadores do Brasil e do Mundo, e não apenas membros de uma espécie auto-destrutiva, então saberemos pensar essa delicada rede de conhecimentos, afim de salvaguardarmos nosso patrimônio comum: nossa cultura, nosso lar, a Natureza que nos abriga em seus seios. À medida que a temperatura do planeta se elevar exponencialmente, que a água se fizer cada vez mais contaminada e escassa, que a floresta se transmutar em pasto, que o cerrado se fizer deserto, nos veremos numa sociedade cada vez mais tensa, instável, faminta, violenta e fragmentada. Não ha crise ecológica, ambiental, somente.
Nossa crise é, antes de tudo, civilizacional. Nossa Moral que morre lentamente, o nosso modo de ser no mundo, de ver o mundo, de nos constituirmos enquanto Humanidade, que se revela insustentável. Em Copenhagen, chega de maquiagens, de remendos, é chegada a hora de tomarmos medidas serias e objetivas com intuito de reinventarmos o processo civilizatorio, o modelo industrial e econômico. Não e’ verdadeiro pensar que o único desenvolvimento econômico possível é aquele que destrói o meio ambiente, promovendo a riqueza de poucos grupos multinacionais, enquanto bilhões de pessoas permanecem em dificuldade; enquanto, como o aponta nosso Pensador Milton Santos, 14 milhões de pessoas no mundo morrem de fome, antes de completar cinco anos de idade, todos os dias. Não é mais possível pensar que o problema econômico e o problema ambiental são coisas distintas. Um é reflexo do outro, e para que um mude, o outro deve mudar. Pensemos em transações econômicas, através das quais, fatores como a balança comercial, ligados ao eixo exportação-importação, são responsáveis pelo crescimento da taxa percentual do Produto Interno Bruto Nacional. Em nome da elevação deste índice, exportamos camarões para EUA, Europa e Ásia. Entretanto este mesmo aumento verificado do PIB promove a destruição de biosferas, para a construção de fazendas de camarão, como se verifica na Bahia, e em outras regiões do Brasil.
Enquanto fornecemos a matéria prima para saborosas e sofisticadas sessões gastronômicas, realizadas nas ricas searas estrangeiras, e engordamos os bolsos de empresários irresponsáveis, tudo em troca da geração momentânea de subempregos e de boas performances “pibianas”, geremos um quadro no qual, a população local destas regiões exploradas, passam a viver aos poucos, em localidades desmatadas, e, portanto, a longo prazo, insalubres, com modificações climáticas e queda na obtenção de fontes de água potável. Apos a destruição da biosfera local, essas empresas vão embora com os cofres cheios, os empregos desaparecem, e portanto, os benefícios que tais empresas geravam, também acabam, e tendo seu meio ambiente degradado, tal sociedade se torna mais pobre do que era. Este é, entre tantos, apenas um exemplo que deve ilustrar nossa reflexão e motivar nossa ação. Um pensamento econômico, verdadeiramente justo, eficiente, abrangente e profundo, saberia vivificar uma região, ao invés de degradá-la, saberia educar, e agregar valor ao povo, ao invés de explorá-lo. Precisamos reinventar o Brasil e o Mundo, Agora!
Cobramos, portanto:
Que o Governo e a Sociedade brasileira assumam o REAL compromisso de combater o desmatamento da Amazônia, em caráter de URGENCIA, diminuindo progressivamente o desmatamento até que cesse completamente nos próximos 3 anos e adotando um enérgico plano de reflorestamento de 100% da área desmatada, pelos próximos 20 anos.
Um REAL E EMERGENCIAL combate ao desmatamento do Cerrado, e programas enérgicos de reflorestamento das áreas desmatadas.
Um REAL E EMERGENCIAL combate ao desmatamento da Mata Atlântica, e programas enérgicos de reflorestamento das áreas desmatadas.
Que o Brasil reduza drasticamente suas emissões de Co2, aumentando o contingente e a eficiência dos órgãos fiscalizadores específicos, combatendo rigorosamente a cultura de queimadas com fins pecuaristas e agrícolas.
Que o Governo incentive cada vez mais a produção agronômica orgânica. Esta não é, como dizem alguns, apenas uma questão econômica. Os orgânicos não são apenas um novo e rentável mercado a ser explorado. A agricultura convencional depende da larga utilização de substancias extremamente tóxicas, que contaminam os lençóis freáticos, que se impregnam nos alimentos, e intoxicam os consumidores. Centenas de pessoas todos os anos, são vitimadas por intoxicação, por manejo de agrotóxicos. Logo, esta não é apenas uma questão de Economia. E’ uma questão Moral, de Ética Planetária, de saúde pública, de saúde social, de manutenção de um meio ambiente devidamente equilibrado. Portanto, cobramos uma progressiva ação de incentivo aos métodos agrícolas verdadeiramente ecológicos.
As pesquisas com transgênicos datam de poucas décadas. A transgenia seleciona artificialmente, por manipulação humana, o que a natureza demoraria milhares de anos para fazer, ou talvez nunca faria. Seria mais prudente, portanto, restringirmos a cultura transgênica, e incentivarmos a produção verdadeiramente agroecológica.
Concluimos agradecendo a oportunidade de congregar idéias, produzir pensamentos, de juntos buscarmos o fermento intelectual adequado para repensarmos o processo civilizatorio, e criarmos formas alternativas, mais ricas e justas, mais criativas e sustentáveis, de constituirmos nossa humanidade.
Vinicius Carvalho da Silva –
Instituto de Filosofia e Ciencias Humanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Monique Carvalho Dias de Sa Minuzzi –
Faculdade de Administraçao e Tecnologia da Informaçao da Faculdade Arthur Sa Earp Neto-RJ