Adeus Amélia, bloco feminista convoca o ato político

“Amélia não existe mais

Adeus, adeus, Amélia”

O refrão da marchinha composta especialmente para este 8 de março, que caiu em plena terça de carnaval, animou o bloco feminista e chamou a atenção dos moradores, sobretudo das moradoras, dos prédios atravessados pelo “Minhocão”, no centro da cidade. Cerca de duzentos participantes – alguns poucos homens também – alegorias em lilás, estandartes, “pirulitos”, e as eternas palavras de ordem feministas compuseram o repertório da manifestação.

“O capitalismo avança, o machismo abunda”

Especialmente alegorias denunciando a mercantilização do corpo da mulher, a imposição de uma imagem única, negadora da diversidade, acompanharam o Bloco Adeus, Amélia.

“Contra a globalização do silicone”, “Globalizemos a rebeldia feminista”

Neste 8 de março, comemoramos também o centenário de nascimento de uma das rebeldes mais famosas de nossa história: Maria Bonita, a primeira cangaceira, que levou outras mulheres para o grupo de Lampião. Exibição de vídeos, leitura dramática e uma roda de conversa com Nalu Faria, da Marcha Mundial de Mulheres, compõe programação para lembrar a data.

Durante o bloco, as mulheres também distribuiram o manifesto do movimento para este Dia Internacional da Mulher. “O combate ao machismo se faz todo dia. Reconhecemos os avanços conquistados pela luta das mulheres, mas temos no horizonte ainda muito pelo que lutar. Para sermos vitoriosas, é preciso compromisso com nossas bandeiras históricas e total autonomia do movimento para pautá-las”, diz o manifesto. Dezenas de organizações assinam o documento.

“Feministas em Luta por Autonomia e Igualdade!
Contra o machismo e o capitalismo!”

Com este mote será realizado, no próximo sábado, 12 de março, o ato político tradicionalmente organizado pelo movimento de mulheres em São Paulo. “Estamos em luta diária contra a violência sexista, pela descriminalização e legalização do aborto, valorização do nosso trabalho, educação de qualidade para todos e todas e solidárias às lutas anti-capitalistas travadas no Brasil e no mundo”, diz o manifesto. “Em todo o país, acompanhamos o surgimento de uma grave ofensiva conservadora, que tenta impor princípios religiosos para o conjunto da população, além de propor retrocessos na questão dos direitos humanos…”

O documento denuncia o governo do Estado de SP pelo não respeito à Lei Maria da Penha, e pelo aumento da violência contra lésbicas, homossexuais e transexuais. Denuncia o salário desigual e as condições de trabalho da maioria das mulheres. Protesta contra a mercantilização do corpo da mulher nos meios de comunicação de massa, e alerta para o contexto que as mulheres enfrentarão com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas em nosso país. Defende a reforma agrária e urbana. Exige políticas públicas para a construção da autonomia da mulher. Creches, educação de qualidade, atenção integral à saúde, fim da criminalização do aborto, direito a decidir sobre ser mãe ou não ser. Solidariedade internacional às mulheres do mundo que lutam.

O local escolhido para a concentração do ato das mulheres, no próximo sábado, também faz parte da luta. Onde se situava uma das organizações feministas históricas, o CIM – Centro Informação Mulher, atrás da Igreja da Consolação. Porque a Prefeitura de São Paulo, em mais um ato de desrespeito com o movimento de mulheres, desalojou o CIM, o maior acervo/biblioteca da mulher na América Latina, depois de ter prometido um novo espaço.

“Neste 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, convocamos aqueles que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária, sem opressão e exploração, a se somarem à nossa luta”, convida o movimento.

Ato político:

sábado, 12 de março, com concentração a partir das 9h da manhã.
Onde era o CIM – Rua da Consolação, 605 (Igreja Consolação)

Dia Internacional de Luta das Mulheres e Centenário de nascimento de Maria Bonita
Dia 11 de março de 2011, sexta-feira, a partir das 19h.
Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima
Av. Henrique Schaumann, 777 – Pinheiros –