Por volta de 1930, a literatura moderna brasileira entrou em crise. Era necessário o encontro entre a literatura e nossa realidade. As modernas técnicas estrangeiras assimiladas com o Modernismo deviam se modificar, adaptar-se.
Nessa busca, em março de 1924, Oswald de Andrade publica o “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”. Forma-se o grupo “Pau-Brasil” que evoluirá, inclinando-se ideologicamente para a esquerda e, em 1928, fundará o “Movimento Antropofágico”.
Patrícia Galvão, a Pagu, era diferente das moças de sua época; usava blusas transparentes, fumava na rua e dizia palavrões. Jovem, bonita e burguesa, a poliglota Patrícia Galvão resolveu lutar por aquilo em que acreditava. Apresentada a Oswald de Andrade e a Tarsila do Amaral, Pagu aos 18 anos se integra ao movimento antropofágico, logo após, casa-se com Oswald e ambos ingressam no PCB.
Aos 20 anos participa de um incêndio no bairro do Cambuci, em protesto contra o governo provisório. A seguir, numa greve de estivadores em Santos, é presa pela primeira vez, tornando-se a primeira mulher presa no Brasil por motivos políticos.
Militante incansável, tornaria a ser presa mais de uma dezena de vezes na vida.
Depois de publicar o “Parque Industrial”, parte para uma viagem pelo mundo no trabalho de repórter, deixando no Brasil o marido Oswald e o filho.
Correspondente de vários jornais, Pagu visitou os Estados Unidos, o Japão e a China. Entrevistou Sigmund Freud e assistiu à coroação de Pu-Yi, o último imperador chinês.
Foi por intermédio dele que Pagu conseguiu sementes de soja, enviadas imediatamente ao Brasil e introduzidas, pela primeira vez, na economia agrícola familiar brasileira.
Presa na França, em 1934/5, consegue retornar ao Brasil e à atividade jornalística.
Envolve-se com a Aliança Nacional Libertadora sendo novamente presa após a frustrada Insurreição de 35, sendo, então, barbaramente torturada pelas forças policiais do Estado Novo. Ficará na cadeia por cinco anos e meio!
Patrícia casou-se, em 1945, com Geraldo Ferraz, jornalista da “A Tribuna de Santos”, cidade na qual passa a viver. “A Tribuna” torna-se o veículo mais importante de seu trabalho como poeta e jornalista. Antes de falecer, em 1962, compôs o poema “Nothing”, uma antevisão dos dias de hoje.
Convidamos à leitura de nosso ensaio.