A flora na biodiversidade brasileira

2010 tem um peso importante no campo de ações ambientais, por ser o Ano Internacional da Biodiversidade, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), o que repercute em várias iniciativas pelo mundo, de forma mais ordenada e visível à mídia. Nesse cenário, o Brasil, ao ser um país megadiverso, é um protagonista estratégico – muito além do recorte da Amazônia – e está apresentando alguns trabalhos nas áreas da pesquisa, de campanhas e de mobilizações, que são importantes destacar. Entre eles, a recém-lançada Lista da Flora Brasileira.

O material foi produzido pelo Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), sob coordenadação do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). O levantamento, segundo o JBRJ, envolveu equipe formada por aproximadamente 400 taxonomistas brasileiros e estrangeiros.

A lista exibe 41.123 espécies da flora brasileira, sendo 3.633 de Fungos, 3.521 de Algas, 1.522 de Briófitas, 1.176 de Pteridófitas, 23 de Gimnospermas e 31.248 de Angiospermas; uma descoberta que está ainda longe de acabar. Para se ter ideia, uma pesquisa desse porte só havia sido feita entre 1846 e 1906, na obra Flora brasiliensis, elaboradora por Von Martius, Eichler & Urban, na qual constavam 22.767 espécies. E ainda há muita pesquisa a fazer, porque conhecemos uma parcela ínfima de nossa biodiversidade.

No estado de Minas Gerais, também houve um lançamento interessante por parte da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É o livro Plantas Úteis de Minas Gerais na Obra dos Naturalistas, que respeita os conhecimentos tradicionais das chamadas raizeiras.

Já em Padre Bernardo (GO), uma parceria da representação da publicação Geo, no Brasil, com o MMA, resultou no “Action Day”, que já ocorre em outros países. Neste caso, o propósito da mobilização foi a conservação do bioma do Cerrado. O evento reuniu pesquisadores, representantes de Secretarias da Agricultura e do Meio Ambiente, empresas do setor privado, entre outros. Segundo a organização, os participantes focaram o trabalho na experiência da comunidade de mulheres do Assentamento Colônia I, com a Cooperativa Central do Cerrado e a Associação Sabor do Cerrado.

Em São Paulo capital, no evento Viva Mata, organizado pelo SOS Mata Atlântica no Parque do Ibirapuera, pude observar ontem (22), alguns estandes que me chamaram a atenção, por envolver, em especial, o caráter socioambiental. Com isso, mais uma vez é reiterado, que as populações tradicionais são o maior exemplo de respeito à biodiversidade, de forma sustentável. Mas para isso, sem dúvida, precisam de incentivos e apoios do poder público, do terceiro setor e do empresariado.

Como exemplo de que a união desses atores faz toda a diferença, lá estavam expostos trabalhos da Associação de Moradores da Reserva Extrativista de Mandira, que tive a oportunidade de conhecer no ano passado, na região de Cananéia, além de artefatos com fibras de piaçava, produzidos pela Associação de Mulheres Artesãs de Ponto Central, em Santa Cruz de Cabrália, BA e de artesanato taboa produzido por integrante da Associação de Artesãos de Feliz Deserto (AL), entre outros. Prova de que a forma racional do uso dos recursos naturais, para a geração de renda dessas comunidades, é o caminho do tripé (ambiental, econômico e social).

Cases de trabalhos de educação ambiental e reflorestamento e manutenção das características nativas em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), por meio de parcerias, também apontaram caminhos possíveis das unidades de conservação de uso sustentável, sem ter o ecoturismo como simples fachada. Um dos exemplos ilustrados foi da RPPN Alto da Boa Vista, localizada na Serra do Relógio, MG.

Mais um atrativo da edição deste ano, do Viva Mata, que termina hoje, é o incentivo ao conhecimento e conservação da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, que ocupa uma área de 78.465.476 hectares em território nacional, envolvendo 2.385 municípios em 16 estados. É um apelo forte para que somente o mote do ‘ano internacional da biodiversidade’ não seja suficiente, pois se trata de algo sem data ou hora para acabar. Lembremos, que restam 7% da vegetação nativa do bioma.

E não podemos esquecer que no Brasil inteiro, ações anônimas ocorrem e transformam cada cidadão em um potencial protagonista na história ambiental nacional, em busca de tornar a nossa qualidade de vida e das próximas gerações rica em experiências nessa flora, que não só nos enche os olhos de beleza, mas é substancial à nossa existência e de todo o ecossistema.
Fonte: Blog Cidadãos do Mundo – Sucena Shkrada Resk – www.twitter.com/SucenaSResk

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