Feliz aniversário, Lula!

Tu não és um falso mito. É uma entidade ancestral. O Oxalá da política brasileira. Oxalá é o equilíbrio, a união e a sabedoria. É o vetor da paz, da inteligência emocional, da generosidade, do cuidado, da solidariedade e do amor.

Estou pronto para obedecer ao teu pedido. Separei e coloquei na bagagem de viagem a roupa que votarei na 210/11 Norte, em Brasília. De novo, a Asa Norte deve honrar a tua vitória, num território hostil. Meus guias espirituais – Xangô, Ogum e Oxalá – sinalizaram que tu podes empatar ou vencer no Distrito Federal. A galera candanga está militando com vigor e amor no segundo turno. Deixou as redes sociais e saíu de casa para ocupar os eixos, os parques, as quadras, as praças e as cidades satélites.

Não dá pra esquecer que Brasília foi a segunda cidade a entregar mais votos líquidos para o capetão. Só ficou atrás de Curitiba, a capital da Vaza Jato. Jacy Afonso, sindicalista holístico, presidente do PT-DF e da federação partidária está comandando o barco da virada, desde o Lago do Paranoá.

Caros companheiros do Plano Piloto. Precisamos estudar, entender e vivenciar a realidade candanga depois da Ponte do Bragueto. Ouçam e aprendam a música de Sérgio Duboc. Calcem as sandálias da humildade. Tomem um banho da água de cheiro das cidades satélites. Em Sobradinho José Valente Chaves é um dos caras aptos a mostrar o caminho das pedras para ganhar votos dos indecisos. Carmem de Oliveira, a recordista sul americana das maratonas pode ensinar a subir e descer as encostas de Planaltina e Sobradinho para virar votos sem perder o folego até o domingo da ressurreição do Brasil da paz e sem medo de ser feliz.

A nossa Bahia brocará de novo. Entregará uma diferença mínima de 4 milhões de votos, em favor do Pai Oxalá. O Nordeste doará – aproximadamente – 10 milhões de votos líquidos.

Lembra-te Lula: o presente e o futuro do Brasil estão em construção e inovação aqui no Nordeste. Não sudestime teu governo, Presidente Lula. Se o fizeres estarás subestimando a força do povo nordestino, como tu, eu e milhares de cabeças chatas, dentes grandes e sabedoria política, ideológica e cultural. Meu avô Maninho me ensinou a seguinte lição: para o tabaréu, o que falta na letra sobra na treta. Você é o maior exemplo vivo desse ensinamento, querido conterrâneo Luis Inácio Lula da Silva.

O Nordeste é o bercario da mais nova, mais criativa e mais inteligente institucionalidade da política brasileira: o Consórcio do Nordeste. Tânia Bacelar, icone do pensamento econômico e social brasileiro nordestino, afirmou que os atuais governadores da região aprenderam que é mais eficaz cooperar do que promover guerra fiscal Em tempos de hegemonia da ideologia neoliberal entreguista, continuamos desenvolvimentistas. Reverenciamos a memória de Celso Furtado, Rômulo Almeida, Josué de Castro, Paulo Freire, Inácio Rangel, João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna, Rachel de Queiroz, Nise da Silveira, Torquato Neto, Maria da Penha, Dandara, Maria Bonita, Rui Barbosa, Gregório da Matos, Bartira, Joana Angelica, Maria Quitéria, Antonio Conselheiro, Mãe Menininha do Gantois, Chico de Oliveira e … .

Nesta região enfrentamos a pandemia com a orientação do Comitê Científico do Nordeste. Sergio Storch (em memória) e eu constituímos o Circulo de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (CDR-NE) no âmbito do Comitê Científico. O sonho não acabou gente bonita, estudiosa, laboriosa, destemids e destemida e inovadora. Não temos medo de ousar e errar. Aprendemos pesquisando, fazendo, errando e refazendo .Somos guerreiros do povo brasileiro Empinhamos com orgulho a bandeira do desenvolvimento e da soberania nacional pela independência e pela vida!

Havia um princípio básico no CDR-NE. Somente podiam participar pesquisadores, professores, técnicos e militantes de ONGs residentes nos estados da região. Ousamos mobilizar e organizar 13 grupos de trabalho com mais de 300 participantes voluntários. Fizemos dezenas de reuniões de trabalho virtuais, relatórios e publicamos alguns artigos técnico-científicos. Objetivo principal dos grupos de trabalho: avaliar os impactos da pandemia e elaborar propostas e projetos para o pós-covid, visando cooperar com instituições governamentais e organizações da sociedade civil organizada nos 9 estados do Nordeste

Ousamos mais. Sensibilizamos reitores, pró-reitores de pesquisa, diretores de centros de pesquisa científica e a comunidade de mestres e doutores residentes e operando região para constituir uma rede de ciência, tecnologia e inovação, a partir de uma proposta de Paulo Cavalcanti, professor de Economia da Universidade Federal da Paraiba. O pernambuco Sergio Rezende, teu ex-ministro de Ciência Tecnologia e Inovação, um dos coordenadores do Comitê Científico do Nordeste, aceitou nosso convite para liderar a rede de universidades, institutos federais e estaduais e centros de pesquisa localizados nos 9 estados da região. Segundo estudos de Paulo Cavalcanti (UFPB e ABED – Paraiba) e Jose Farias (Sudene e ABED – Pernambuco) em agosto de 2020 existiam mais de 12 mil mestres e doutores ensinando, pesquisando e atuando no Nordeste. Não somos poucos. Estamos imbuídos da missão inabalável, inadiável e intransferível de entender e contribuir para resolver os problemas regionais do litoral ao sertão, que travam o desenvolvimento sustentável e sustentado da região.

Aqui no mais sofrido, mais belo, mais complexo, mais criativo, mais esperançoso e mais amoroso pedaço do territorio nacional, a taxa de analfabetismo ainda é a maior do país (cerca de 13%). Entretanto, é residual. Concentra-se na faixa etária com mais de 55 anos. A garotada nordestinada está estudando, lendo e produzindo como nunca antes na história deste país. Somos os maiores leitores do Brasil. A Paraiba é campeã brasileira em dias de leitura/ano por habitante. Somos líderes nacionais em Olimpiadas Estudantis de Matemática. O Ceará é quem mais aprova no vestibular do INPE – Aeronáutica. A Bahia realiza o dobro de feiras literárias anuais em relação à média nacional. Salvador é uma das 5 capitais mundiais da música, de acordo com título conferido pela Unesco – ONU.

Possuimos inteligência, organização e vontade política capazes de propiciar respostas rápidas para os problemas que o teu governo enfrentará no curto, médio e longo prazos. A fome e a insegurança alimentar e nutricional são maiores no Nordeste. Contudo, nenhuma região brasileira dispõe de redes comunitárias, equipes de governo e inteligência animada para ajudar a retirar rapidamente 33,1 milhões de brasileiras e brasileiros do mapa da fome, em termos conjunturais e estruturais. Basta o senhor implementar imediatamente a maior prioridade nacional, que a gente nordestina “mandará ver de cum fé e de cum força!.

A Covid levou Sérgio Storch prematuramente, no início de 2021. À época estavamos dialogando a respeito da criação da associação dos engenheiros pela democracia. Atualmente, Engenharia pela Democracia é uma das 10 mais relevantes entidades brasileiras de profissionais pels democracia. Manos Lula, Alkmin, Sérgio Storch (em memória), companheiras e companheiros de luta e labuta, desde de 13 de maio de 2020! As sementes plantadas pelo CDR-NE estão gerando flores de mandacaru neste outubro vermelho de 2022. Oxalá, Iansã e Oxum mandaram chover no ser-tão, para aliviar o sol inclemente no semiárido mais habitado do planeta terra.

Sulistas e Sudestinos. Joguem os pré-conceitos na lata de lixo do obscurantismo. Não daremos trela aos maus modos e à supremacia branca eurocêntrica. O Nordeste é uma nação amiga. O sertanejo é antes de tudo forte pra caramba!!Entretanto, estendemos as mãos para construirmos “de junto” um novo Brasil Democrático com paz, amor, harmonia, alegria e muita “osadia”.

Salvador, 27/10/2022.

Adroaldo Quintela

Economista e sócio-fundador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED).
Coordenador nacional do Movimento dos Economistas pela Democracia e contra a Barbárie

Economista e sócio-fundador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED).
Coordenador nacional do Movimento dos Economistas pela Democracia e contra a Barbárie redes sociais que e saíu de casa para ocupar os eixos, os parques, as quadras, as praças e as cidades satélites.

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