O povo russo e a sua história recente e a contemporânea ocupam o primeiro plano e assumem o papel central na escrita de Svetlana Aleksievitch, em “O Fim do Homem Soviético”, Nobel de 2015.
A jornalista, que é bielorussa, inclui uma conversa paradigmática com a russa Natália Igrunova:
“Mas que somos pessoas de desgraça e do sofrimento é a cultura russa profunda e antiga. Vai pelo campo e fala em qualquer cabana. De que é que falarão? Só da desgraça […] O sofrimento, a luta e a guerra, tal é a experiência da nossa vida e da nossa arte. ”
Se olharmos retrospectivamente – diz Svetlana noutro contexto – para a totalidade da nossa história, quer a soviética, quer a pós-soviética, ela é uma imensa vala comum e um rio de sangue. Um eterno diálogo entre os executores e as vítimas. As amaldiçoadas questões russas: o que fazer, a quem culpar!
À Revista Piauí, Svetlana reporta entrevista realizada recentemente com um professor universitário. E ele diz:
“No fim dos anos 1990, os alunos riam quando eu relembrava a União Soviética; eles tinham certeza de que um novo futuro se abria para eles. Agora o quadro é diferente… os alunos já descobriram na pele o que é o capitalismo: desigualdade, pobreza, riqueza descarada; eles já viram bem de perto a vida dos pais, para quem não sobrou nada da pilhagem realizada no país. E eles adotaram uma postura radical. Sonham com a própria revolução. Usam camisas vermelhas com retratos de Lênin e Che Guevara.
Carlos Russo Jr
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