Os “Mensageiros da Morte”, na vida e na literatura.

Bactérias e vírus já causaram estragos maiores à humanidade que as mais terríveis guerras.
Duas obras primas da literatura mundial se inspiraram na pandemia do cólera, uma delas dirigida aos jovens e adolescentes, a outra, escrita meio século após para um público amante da leitura e do pensar. O vibrião colérico, conhecido desde a Antiguidade, provocou uma primeira epidemia global em 1817, que se estendeu até os anos 1840.
“Mensageiros da Morte” é um conto de fadas da coletânea “Contos dos Irmãos Grimm”, publicada em 1840.
“Morte em Veneza”, uma Novela no estrito sentido da concepção alemã do Novo (novel), daquilo que é inusitado, foi escrita por Thomas Mann em 1912.
Era o verão europeu. A cidade vivia assolada pela peste. No entanto, os sinais de uma epidemia de cólera eram ocultos pelas autoridades para não prejudicarem a economia, no caso, o turismo!
Nos dias de Covid 19, as autoridades brasileiras reproduzem a situação ficcional criada pela literatura mais que centenária! Nada aprenderam com o fato de que a Peste EXIGE o afastamento social. De qualquer forma, as atividades econômicas serão afetadas. Muito pior, sem o afastamento! E tal sucedeu também na literatura, na Veneza de Thomas Mann, quando o espírito dionisíaco da loucura e da desmedida, sobrepôs-se ao apolíneo da razão.
De certa forma, perante o Mensageiro da Morte, este do século XXI, reproduzimos o mesmo comportamento: dentro de nós ouvimos o chamado apolíneo da ciência, da responsabilidade social, do recolhimento, e, por outro lado, a loucura dos prazeres, da folia, da desmedida dionisíaca.

Carlos Russo Jr.

Convidamos à leitura de nosso ensaio em: https://www.proust.com.br/post/os-mensageiros-da-morte-na-vida-na-literatura-e-na-mitologia

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