O assassinato de um Delegado antirracista, estopim da Abolição

Mandantes e líderes do crime: James Hankins Warne, um americano ex-Confederado e seu assecla, John Jackson Klink, antigo membro da Klan americana.

O movimento abolicionista que nascera em fins da década de 1870 ganhava força em todo o Brasil e, com destaque, nos territórios paulistas. A força policial, historicamente usada pelo sistema para reprimir, caçar e matar negros começou, aqui e ali, a gerar policiais inconformados com o escravagismo.

E este foi o caso do doutor Joaquim Firmino de Araújo Cunha, que aos trinta anos de idade, assumira o cargo de Delegado de Polícia da Penha do Rio do Peixe, em 1885.

Firmino era casado e pai de quatro filhos. Era oriundo de Mogi Mirim, cidade com forte movimento abolicionista. O jornal “A Gazeta” publicava os manifestos libertários do “Clube Cosmopolita”, do qual era um dos líderes.

O delegado Joaquim Firmino, desde sua posse, recusou-se a caçar e prender escravos fugidos. Ele próprio acobertava diversas fugas, recolhendo fugitivos para dentro de sua própria casa, quando necessário.

O dia 11 de fevereiro de 1888, três meses antes de promulgação da Lei Aurea, passou para a história como um marco na selvageria racista e na impunidade dos poderosos em nosso Brasil! Por ordem direta de Rodrigues Alves, o cidadão Joaquim Firmino foi exonerado do cargo de Delegado de Polícia, horas antes de sua morte. Com isto, os escravagistas estariam assassinando um cidadão comum e não um Agente do Estado.

Os fazendeiros haviam se organizado para o crime e se puseram à frente de uma coluna de 200 capangas armados. Joaquim Firmino, cercado em casa, foi morto a cacetadas, pauladas e chutes.

Após o assassinato de Joaquim Firmino, a canalha, ao estilo da Klan americana, se dirigiu a residências de outros abolicionistas que fugiram, mas suas casas foram destruídas e incendiadas.

No processo, todos os assassinos foram absolvidos por falta de provas.
Mas a morte de Joaquim Firmino não passou em branco.

O assassinato de Joaquim Firmino, diz Ângela Alonso, da Universidade de São Paulo, “foi decisivo para acelerar o abandono do escravismo por parte das elites sociais”. “Isso porque apontou a possibilidade da guerra civil, isto é, que a desobediência civil dos abolicionistas (o incentivo à fuga de escravos) poderia ser respondida por milícias privadas”…

Joaquim Firmino, um Mártir da Abolição! Três meses após seu assassinato, é assinada a “Lei Aurea”, que liberta os escravos no Brasil. Liberta?

Convidamos à leitura integral de nossa crônica.

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