Convidado pela coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, para falar sobre Privatizações na Petrobrás e o sistema da dívida pública, o presidente da AEPET, Felipe Coutinho, salientou que, assim como o endividamento público é usado para priorizar o desvio de recursos para o pagamento de juros a rentistas, a dívida da Petrobrás, oriunda basicamente de investimentos na produção e agregação de valor às reservas de petróleo do pré-sal, é utilizada como argumento para a entrega de ativos rentáveis e estratégicos da Companhia.
Neste processo, além das perdas impostas aos consumidores brasileiros pela política de preços, a estatal fica impedida de desempenhar sua principal missão, que é contribuir para o desenvolvimento socioeconômico da país.
“Ainda em 2015, foi estruturado o maior plano de privatizações da história da Petrobrás, que totalizava US$ 57 bilhões. Até o momento, essas vendas de ativos estratégicos já somam cerca de US$ 40 bilhões. Antes das privatizações a AEPET já mostrava que não seria necessário vender ativos para reduzir a dívida da empresa: hoje sabemos que apenas 25% da redução da dívida entre 2015 e 2018 vieram da privatização de ativos”, contabiliza o presidente da AEPET (leia os artigos relacionados abaixo).
Quanto à corrupção e “maus investimentos”, outro argumento dos entreguistas, Coutinho afirmou que foram responsáveis por menos de 5% do total da dívida.
“O mito da Petrobrás quebrada foi usado para reduzir a importância da Petrobrás e do Estado brasileiro na promoção do desenvolvimento, visando atender a interesses geopolíticos dos Estados Unidos e do sistema financeiro internacional, que controla as maiores petrolíferas privadas que são decadentes”, disse, acrescentando que a operação Lava Jato foi reflexo disso e levou à falência grandes empresas brasileiras, sobretudo no ramo da Engenharia.
Coutinho criticou também a política de preços dos combustíveis, Preços Paritários de Importação (PPI), “como se a Petrobrás e o pré-sal não existissem, beneficiando importadores que tomaram até 30% do mercado interno, prejudicando o Brasil”.
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