Noel Rosa e a velha Lapa da boemia: o espírito de um tempo que foi de construção!

Enquanto, no final de tarde de 11 de dezembro de 1910, Noel Rosa nascia em Vila Isabel, a Lapa com seus casarões antigos e cinzentos acordavam da sonolência diurna de pequenos comércios e de hotéis barato. Era chegado o momento de seus bares, restaurantes e cabarés iluminarem aquele bairro do Rio boêmio que fervilhava. E como fervilhava!!!

Em 1928, Noel funda seu primeiro grupo musical, “O Bando dos Tangarás”.

Em 1930 foi matriculado quase que à força pela mãe na Faculdade de Medicina, mas “prefiro ser um bom sambista a ser um mau médico”.

Nos sete anos que ainda viveria compôs e musicou mais de duas centenas de músicas, muitas delas magistrais, foi o nascer do samba moderno.

Figura presente em quase toda noite lapiana, Noel se encontrou muitas vezes com Agildo Barata, San Tiago Dantas, Jorge Amado, Cândido Portinari, Villa-Lobos, Sergio Buarque de Holanda, Mário de Andrade, enfim, o Brasil intelectual, artístico, moderno!

Chega o ano de 1937. A aliança de Getúlio Vargas com a hierarquia militar e com as oligarquias regionais criou as condições para um golpe político com a implantação da ditadura. Para os donos do poder interessava a expansão dos negócios com a abertura dos Cassinos de luxo que em breve seriam inaugurados; o jogo passa a organizado com muito show, vedetes e muito, muito dinheiro. Logo, o polo noturno que a Lapa representava teria de entrar em vertiginosa decadência para que o mundo dos cassinos-hotéis surgisse. E foi isto o que aconteceu.

No mesmo ano em que a velha Lapa foi assassinada pela ditadura Vargas, em 1937, falece em crise de hemoptise o poeta, compositor e sambista Noel Rosa.

E com a Lapa e Noel morriam também o espírito de uma época! O espírito da boemia carioca!

Convidamos a leitura de nosso ensaio.

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