Após mais um dia de agressões de seguidores de Bolsonaro aos jornalistas que trabalhavam na cobertura do presidente, enfim, os principais veículos de comunicação do país acordaram para a necessidade de proteger seus trabalhadores, suspendendo a cobertura no Palácio da Alvorada.
Desde o ano passado, o Sindicato dos Jornalistas do DF vem dialogando com os repórteres e cobrando das empresas de comunicação medidas concretas de proteção aos profissionais. Felizmente, a resposta veio nessa segunda, antes que uma tragédia marcasse a categoria.
O dia entra para a história, como a reação, mais que necessária, dos jornalistas contra o autoritarismo crescente no Brasil. Remete ao memorável ato, já no declínio da ditadura, em 1984, quando repórteres fotográficos de Brasília cruzaram os braços, num afronte à censura. O Sindicato saúda os colegas que tiveram coragem e às empresas que se mostraram sensíveis a essa demanda tão justa, e convoca os outros veículos que ainda não suspenderam a cobertura no Alvorada a fazerem o mesmo.
Desde a faculdade, nós, profissionais, aprendemos que jornalista não é notícia. Quando isso ocorre, é porque algo está muito errado. A imprensa livre é um dos pilares do Estado democrático de direito. A entrada da residência oficial da principal autoridade do país oferece tanto risco aos profissionais, que foi necessário deixar o local. Em uma democracia, isso não é normal.
O jornalismo não pode ser refém da violência e do autoritarismo. E o direito à vida e ao trabalho com dignidade não pode ser violado, ainda mais por fanatismos e apoiadores de um governo que já sinalizou diversas vezes colocar seus interesses acima da vida da população brasileira.
O Sindicato continuará a cobrar das autoridades federais e do DF, mesmo que o silêncio ainda permaneça, para garantir a proteção dos trabalhadores. Ainda buscaremos a Justiça para garantir a proteção a liberdade de expressão no país.
Brasília, 26 de maio de 2020.
Diretoria
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal