Imagem: Gazo
Em tempos de pandemia, as redes sociais têm sido a forma mais usual de manter nossa natureza gregária. Aplicativos de reunião, tutoriais, nudes… enfim, são amplas as possibilidades do mundo digital. Como também é fértil, o terreno para expressar barbaridades desumanas, discursos perversamente imorais, sob mote da “lacração”, “viralização” de opiniões polêmicas, exposição a qualquer preço dos mais abjetos pensamentos e visões de mundo.
Eu, particularmente, me afeto muito com algumas situações que encontro nas redes sociais. E, por medidas de redução de danos a minha saúde mental, opto por deletar, expurgar pessoas e espaços fascistas da minha timeline.
Porém, eis que em um desses “passeios” virtuais da quarentena, me deparo em um dos grupos de WhatsApp (formado por ex-alunos do curso Direito de uma instituição que lecionei) com a postagem desta frase que dá título a presente coluna.
Imediatamente, me contorci, retorci, parei… E respirei para dar uma resposta jusfilsófica a la Kant, dissertando todo o repertório de leituras que acumulei sobre o fundamento ético-axiológico dos Direitos Humanos coisa e tal. Tudo, temperado com uma fúria e cólera visceral própria dos filhos de Oyá em seus arroubos tempestuosos.
Mas, de repente… a prudência do Caçador, o dono de minha cabeça, freou aquela metralhadora de palavras impulsionadas pelos meus dedos. Respirei bem fundo. No final da transpiração constatei que aquela disposição de energia e tempo não me faria bem. Não mesmo.
Seguindo o ‘’fluxo’’ do thauma
Optei por discutir com os meus botões como o senso comum da barbárie está entranhado nas pessoas, e o porquê…
Afora este desabafo íntimo. Às vezes me surpreende quão míopes e pautadas por um sentimento de justiçamento e vingança, as pessoas são movidas a emitir opiniões sobre o sistema de encarceramento.
Em especial, o brasileiro, que na sua essência é ilegítimo, por ser seletivo e racista e não cumprir as “tais” finalidades de ressocialização ou reducação moral. Sobretudo, quando estas doutrinas moralistas partem dos atores algozes do nosso sistema punitivo: juízes, promotoria, advogados, mídia. Em regra geral, uma classe que desfrutou os privilégios da branquitude para estar nos postos de poder… Mas isso é outro papo que a gente discute lá na frente.
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