Foto reproduzida do site do SindBancários
Hoje acordei na minha cama depois de 9 dias fora de casa. Olhei pra pulseira de plástico lilás ainda amarrada ao meu pulso, onde está escrito Marcha das Margaridas, e sorri feliz. Depois de quase 2 anos de construção fizemos a maior Marcha das Margaridas da história.
Essa foi a 6ª Marcha das Margaridas, a 5ª que eu participei, sendo que nas últimas duas fiz parte da Coordenação Nacional Ampliada. Sem dúvida essa foi a Marcha mais importante: a Marcha da resistência, a Marcha onde não fomos negociar com o governo e sim apresentar uma plataforma construída por milhares de mãos, o projeto de Brasil das Margaridas, a Marcha que encheu o Brasil de esperança.
Sem apoio do governo, com pouco dinheiro pra construir a Cidade das Margaridas, que abriga e alimenta as milhares de marchantes em Brasília, contamos com doações individuais, rifas, bingos, brechós, livros de ouro, festas e as mais variadas formas de campanhas colaborativas pra construir essa que é a maior manifestação de rua da América Latina. E fizemos a maior Marcha de todos os tempos e ainda se somou à nós a Marcha das Mulheres Indígenas.
Fomos mais de 100 mil mulheres entrando na Esplanada dos Ministérios gritando Lula Livre e Fora Bolsonaro. Fomos bem recebidas como nunca por moradores acenando pra nós das calçadas, com cartazes de cartolina feitos à mão onde estavam escritos “Sejam Bem Vindas, Margaridas”, com a polícia nos respeitando e nos olhando com admiração, com os facistas e golpistas recuando pra gente passar.
Ontem Bolsonaro não bostejou contra as mulheres, contra o nordeste, contra os movimentos sociais e contra a esquerda. O ministro da injustiça Sérgio Moro botou a Força Nacional nas ruas e ficou escondido, acuado com medo da força das mulheres do campo, das centenas de milhares de Margaridas que brotaram do sangue da mártir Margarida Maria Alves, sindicalista rural paraibana assassinada pelos mesmos latifundiários que junto com empresários gananciosos elegeram Jair Bolsonaro.
Se mais recursos tivéssemos, teríamos colocado 3 vezes mais mulheres em Brasília, porque tínhamos o triplo de mulheres mobilizadas. Estou feliz por ter ajudado a construir essa Marcha e a escrever essa história
Sou grata à Mazé Moraes, Secretária Nacional de Mulheres da Contag, à Comissão Nacional de Mulheres da Contag, às assessoras Érika, Vilênia, Carol e Raimundinha por receberem tão bem as mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia nessa grande construção.
Eu, Liliam e Wanessa, que partimos pro aeroporto, logo depois da Marcha, ainda paramentadas com nossas camisetas, adesivos e chapéus, fomos cumprimentadas e festejadas por várias pessoas no aeroporto. Uma mulher que embarcou no mesmo vôo que eu quando me viu, exclamou: “Uma Margarida no nosso vôo! Quanta honra!”
Hoje acordei com esperança de que a primavera não tarda a chegar e que mais uma vez o amor vencerá o ódio.
Temei fascistas, as mulheres estão nas ruas!
Beth Cardoso, margarida do GT de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia, com muito orgulho.
Foto reproduzida do site do SindBancários