1. Hoje é o dia do estudante. No país em que o governo quer destruir a educação, o papel de estudante é reservado à elite-trombadinha, que tanto pode estudar aqui ou lá em Miami. Vamos abraçar a Universidade Pública.
2. Um artigo de Pedro Henrique de Moraes Cícero de maio de 2019 nos fornece dados sobre a V Pesquisa de perfil socioeconômico de estudantes de graduação das Instituições Federais de Ensino Superior: 51%, a maioria, são pretos e pardos, 70% possuem renda familiar de até 1,5 salários per capta, 64,7% são provenientes de escola pública de ensino médio e as mulheres formam a maioria, 54,6% dos alunos. Dois terços dessa população feminina estão na área de Humanas
3. Os cortes no orçamento da educação, que financiaram a proposta indecente do fim da previdência, visam atingir essas categorias de estudantes. A revolução nas instituições de ensino superior, com a introdução de cotas étnicas e para aqueles oriundos da escola pública, em conjunto com a ampliação do número de Universidades e Institutos Técnicos, incomodou a classe média reacionária e a elite-trombadinha. Esse sentimento mesquinho foi traduzido abertamente pelo síndico ex-capitão ao classificar como “tara” o interesse da população mais pobre em cursar o ensino superior.
4. A filósofa Marilena Chauí, numa entrevista à TVT, lembra que o fascismo subterrâneo da sociedade brasileira manifesto em 2013 nas ruas, tinha esse viés destrutivo. A classe dominante brasileira, de acordo com a filósofa, opera com a desclassificação e desmontagem de todo e qualquer programa de transferência de renda e de diminuição da desigualdade. A classe dominante paga aos meios de comunicação para dizerem qualquer coisa que a classe média engula, assuma e transforme em apoio ao projeto excludente, acreditando que vão manter os SEUS privilégios específicos.
5. Às classes de menor faixa de renda é reservado um papel de eterna subalternidade, sem nem mesmo o direito a direitos. A ofensiva contra os diretos à educação, à saúde, à moradia, à alimentação, e ao trabalho digno faz parte do projeto moro-bolsonaro.
6. Ao corte do orçamento da educação os estudantes respondem com mobilização, e o governo reage com a força, que é o único argumento que o obscurantismo consegue utilizar. O monopólio da força. O marreco frito convoca a deprimente força nacional a cada manifestação da juventude no planalto. E o desqualificado ministro da educação comemora se há espancamentos.
Confira todas as colunas:
Diário Não Oficial do Brasil