Dia 219/365 – A verdade sempre retorna ao local do crime

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1. Apesar dos terraplanistas negarem a validade de qualquer evidência científica, e qualquer consequência, construindo uma aterrorizante fantasia de mundo em torno do umbigo de um ex-capitão, a ciência está aí para nos mostrar as evidências e as consequências.

2. O procurador power-point é um desses surpreendidos pelas consequências. Mesmo que não seja chamado a responder por suas ilegalidades, possivelmente já perdeu algumas palestras e reduziu o fluxo desse dinheirinho extra na sua conta. Tá difícil de sustentar. Até o site porta-voz extraoficial da lava jato passou a dar como certo o seu afastamento.

3. Uma reportagem da revista Carta Capital de 19 de outubro de 2011, sob o título “Nós, os inimigos”, revela a existência de um certo “manual de campanha – contra inteligência”, produzido pelo exército do brasil.

4. A reportagem coloca luz sobre orientação do exército para espionagem da vida dos cidadãos, conforme critérios que listam como potenciais inimigos da corporação quase toda a população brasileira, incluindo movimentos sociais, ONGs e até mesmo órgãos do próprio governo, como possivelmente seria o caso da Secretaria de Direitos Humanos.

5. Também há referência a controle dos meios de comunicação social e técnicas de contrapropaganda, orientando, entre outras coisas, a “disseminação de boatos, desqualificação de acusadores e uso de documentos falsos”, “desmontar a propaganda do adversário; atacar e desacreditar” e, “quando se tratar de pessoa, desacreditá-la, coloca-la em posição de inferioridade, e ridicularizar a propaganda adversária”, e ainda, “atuar de forma “diversionista” para desviar a atenção do público para outros temas e fazê-lo cair no esquecimento ou, simplesmente usar a técnica do “silêncio”, para situações em que dar satisfação “não se presta uma resposta favorável”, de modo ao assunto se “diluir naturalmente nos veículos de comunicação””. O manual orienta também a manutenção de uma rede de informantes em movimentos sociais, e a elaboração de dossiês individuais com informações detalhadas de “hábitos, gostos, atitudes, suscetibilidades, traços de personalidade e outras peculiaridades” de lideranças e políticos.

6. O mais interessante é a classificação do público interno: todo o contingente do exército. Público externo alvo da ação: o resto do mundo. Há aí um profundo sentimento anti-nação. O espírito corporativo-miliciano já é bem claro. Ou seja, o exército nunca abriu mão da ditadura e continuou a ser autorreferente, tratando tudo e todos como inimigos. O golpe continuou em curso se preparando para voltar a qualquer momento. Mesmo quando o ministério da defesa estava sob o comando de um civil de linha progressista, esse corpo doente manteve ações próprias.

7. A reportagem talvez explique um pouco a atuação do síndico ex-capitão e, por algum equívoco na sua capacidade de entendimento, a sua determinação em considerar inteligência como algo a ser combatido, inclusive nos critérios para seleção da sua equipe terraplanista.

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