– Se entrega, Corisco!
– Eu não me entrego, não!
Eu não sou passarinho
Pra viver lá na prisão
– Se entrega, Corisco!
1. Hoje o momento nos faz lembrar a trilha sonora do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha. Após dar um golpe fatal na Ancine e no cinema nacional a trupe que se elegeu para destruir o Brasil chega ao sertão, para inaugurar um aeroporto que leva o nome do cineasta.
2. O disfuncional síndico, capitão aposentado, vem à Bahia. Depois de desqualificar todos (estamos falando de todos) os nordestinos, tenta sequestrar um aeroporto para chamar de seu. Não contratou, não repassou um único centavo para a construção, mas vem lançar mão do resultado do trabalho alheio, vem sequestrar a cena da inauguração do aeroporto em Vitória da Conquista, cidade em que o cineasta nasceu.
3. O síndico e os penduricalhos veem encenar uma farsa. A meta é produzir imagens e notícias, porque é um motocontínuo em constante campanha. Não governa, não planeja, não investe. Um extrativista no planalto, que nos trata como fornecedores desqualificados. Vitória da Conquista vai ter o desprazer de servir de cenário para uma claque formada por abutres. O governador da Bahia e a filha do homenageado anunciaram que não vão comparecer.
4. Abutre é o nome vulgar dado às aves accipitriformes, da família accipitridae, de hábitos necrófagos, conhecidas também como abutres-do-velho-mundo. Os abutres assemelham-se exteriormente aos urubus, os abutres do novo mundo, e têm pouca habilidade para caçar, preferem se alimentar de carcaças e de restos alheios.
5. A trupe tem medo, e o ambiente da cerimônia será cercado por tapumes para que o povo fique distante, para que os verborrágicos não sejam obrigados a olhar de frente àqueles a quem ofendem. Os jagunços que farão a proteção talvez imaginem que possam afrontar os nordestinos, contudo, mais fortes são os poderes do povo.
– Eu não me entrego, não!
Não me entrego ao tenente
Não me entrego ao capitão
Eu me entrego só na morte
De parabelo na mão
– Se entrega, Corisco!
– Eu não me entrego, não!
(Mais forte são os poderes do povo!)
Perseguição – Letra de Glauber Rocha, e música de Sérgio Ricardo.
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