Dia 201º/365 – Veto ao pensamento crítico nacional

1. Bruna surfistinha foi o gatilho para destruir a indústria do cinema no brasil. Não é só cultura, vai junto atividade econômica e empregos. A pauta moral sempre surge para esconder alguma outra pauta econômica ou interesse escuso. Nossa hipótese é que as grandes distribuidoras estadunidenses não querem o crescimento do cinema nacional, querem exclusividade em um mercado devidamente formatado. E aí vale qualquer pretexto para vetar o pensamento crítico nacional e favorecer o domínio e o faturamento dos blockbusters.

2. O pior dos pesadelos de filmes classe D de nossas vidas se materializa quando você assiste, no mesmo dia, uma coletiva a correspondentes internacionais e uma live do síndico disfuncional. É estarrecedor.

3. Todas as questões econômicas, sociais, ecológicas, e geopolíticas são resolvidas ali com palavras ao vento ou culpando o PêTê, às vezes o PSDB. Se baseia em uma interpretação tosca e primária da carta de Pero Vaz de Caminha, e afirma que não há fome no país.. Aqui em se plantando tudo dá, e viaja no mito simplório de um brasil onde tudo está pronto para ser colhido. Números vão saltando sem vínculos com o real. Agrotóxicos, desmatamento, dados oficiais, corrupção, tudo tratado como questões imaginárias postas por difamadores horrorosos que insistem em lidar com a realidade e fazer alguma análise para além do bolsoempirismo. Enquanto isso 18 milhões de brasileiros estão abaixo da linha de pobreza e, segundo o IBGE, 7,2 milhões estão em situação de insegurança alimentar grave, que é quando há a possibilidade de privação de alimentos.

4. Conforme a ONU, oito milhões de crianças no país estão desnutridas, mas a preocupação do síndico disfuncional, enquanto toma café da manhã pago com dinheiro público, é negar a realidade. Enquanto sua família inteira recebe dos cofres públicos, e sua filha continuará a receber a pensão do papai militar por toda a vida, crianças brasileiras com microcefalia têm seus Benefícios de Prestação Continuada cortados sem aviso prévio.

5. A crítica à Bolsa Família é patética, repete o bordão de que pobre é um inconveniente, ao tempo que só faz política para ricos, e gera mais pobres. Afirma que “o que tira um povo da miséria é o conhecimento”, na nova linha da bolso-epistemologia, enquanto corta verbas do IBGE, para que não se tenha acesso a dados da realidade, realiza cortes astronômicos em verbas da educação e da cultura, e submete as produções culturais ao seu tosco bolsofiltro. E faz chacota dos nordestinos e ameaça discriminar um estado da Federação. É tosco, é criminoso, e é racista.

6. E segue criando cortinas de fumaça, aqui um atentado, ali uma delação sem provas, acolá algum showzinho para gerar novos cards e distribuir para os grupos de whatsapp da igreja e da família. Facadas, ameaças terroristas silvestres, o próximo diversionismo deve ser alguma ameaça de ataque de marcianos à bolsoresidência. Mas ninguém liga para os 117 fuzis enterrados no vizinho, nepotismo, assessores fantasmas ou os 39 kg de cocaína do aerococa. Porque a realidade não passa na rede Goebbels.

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