Diário Não Oficial do Brasil – Dia 89/365

“É incompatível com o Estado Democrático de Direito festejar um golpe de Estado e um regime que adotou políticas de violações”. Ministério Público Federal.

1. A dívida pública ainda é um grande mistério que na ditadura militar era uma caixa preta. Não existia responsabilidade fiscal, cada militar ou seu preposto gastava o que queria, como queria e metia a mão em qualquer recurso que aparecesse para viabilizar seus projetos ou dos seus amigos capitalistas. Porque, vamos lembrar, na verdade era uma ditadura civil-militar, que respondia aos interesses de uma burguesia nacional e do capital internacional. Aliás, não existia constituição, havia decretos, atos institucionais.

2. Tinha uma triste piada na época, atribuída ao humorista cearense Chico Anísio, nunca soube se era a autoria correta: quem não tem cão caça com gato, quem não tem gato, caça com rato, quem não tem rato, cassa com ato, 1, 2, 3, 4 , 5. Uma pequena vingança para colocar os ditadores que tomaram o país no seu devido lugar, abaixo dos ratos, na cadeia alimentar.

3. O Ato Institucional Número 5 foi um dos momentos mais aterradores da Ditadura Militar que tomou de assalto o país. 13 de dezembro de 1968. O presidente eleito tinha 13 anos, já sabia perfeitamente o que estava acontecendo. Porque mesmo alguém que só se formou pela rede globo e outras formas alienantes de comunicação, sabia perfeitamente, porque até as emissoras adesistas tinham que fazer malabarismos para driblar a censura exercida ao bel prazer do censor. Cada qual com seu critério.

4. O judiciário acompanhava critérios pessoais. Por exemplo, você podia considerar perfeitamente normal alguém usar caixa 2 numa eleição, desde que se desculpasse, e condenar outro. Era sempre muito politizada a sentença. Às vezes personalizada. Você poderia, hipoteticamente, aceitar uma eleição baseada em impulsionamento de notícias falsas através do whatsapp, usando contas ilegais, mas poderia condenar alguém que usou um serviço da google, legal, para impulsionar notícias que já estavam ali. Não existia whatsapp ou google naquela época. Mas existiam caixas 1, 2, 3, 4 e 5.

5. O dinheiro do INSS, por exemplo, foi usado para obras faraônicas, muitas desnecessárias, mal executadas, apenas para enriquecer alguns setores, favorecer alguns estados. Como era financiada a tortura? Como eles dominaram a máquina, em cada órgão tinham infiltrados, os arapongas, como eram chamados. Fizeram escola no Brasil da ilegalidade, formando outros tipos de aves: os marrecos, que dão shows de arbitrariedade. Por exemplo, todos os advogados de Lula são grampeados ilegalmente, a presidenta Dilma foi grampeada ilegalmente e teve diálogos expostos para favorecer candidatos inviáveis à eleição. São heranças desse período. Por isso alguns querem comemorar.

6. No momento em que dois senadores eleitos com o voto popular se tornam adesistas de um projeto contra a infância e a juventude, propondo diminuir a idade penal para 14 anos, vamos lembrar de algumas crianças vítimas da ditadura militar.

Para que não se esqueça, para que jamais aconteça:

“Suas fotografias 3×4, marcadas com o carimbo do DOPS, atestam sua condição de prisioneiros políticos.

Irmãos de criação, Samuel Dias de Oliveira, Luis Carlos Max do Nascimento, Zuleide Aparecida do Nascimento e Ernesto Carlos Dias do Nascimento estiveram entre os mais jovens detidos pela ditadura: tinham idades entre 2 e 9 anos de idade no momento da prisão.

Não foram as únicas crianças presas durante o período militar, mas se tornaram um caso famoso devido ao seu banimento do país com um grupo de pessoas vistas pelo regime como “extremistas”.

Aos olhos dos militares, os filhos também podiam pagar pela incômoda militância dos pais: fichadas como terroristas, as crianças acabariam detidas por mais de dois meses.

O mais novo deles, Ernesto, acompanhou os pais nas prisões clandestinas da Oban, do DOPS e do DOI-CODI. Ainda bebê, presenciou as torturas do pai. As quatro crianças foram banidas do país”. Fonte: Gazeta do Povo.

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