Diário Não Oficial do Brasil – Dia 80/365

1. Hoje é o dia Internacional da Discriminação Racial. O Brasil foi fundado e forjado com base na discriminação racial. Os povos originários foram e são exterminados desde a chegada dos europeus ao Brasil. Diversos povos de diferentes nações africanas foram trazidos para o Brasil para a construção do país, como mão de obra não remunerada, como escravos. Violentados de todas as formas e animalizados. A discriminação racial foi a base para justificar a indolência e preguiça dos colonizadores.

2. No dia 16 de março uma criança de 12 anos Kauan Peixoto, foi atingida por duas balas perdidas e colocada numa viatura a titulo de “socorro”, e chegou ao hospital com três tiros e algemado.

3. Exatos cinco anos antes, no dia 16 de março de 2014, também no Rio de Janeiro, Cláudia Ferreira da Silva foi baleada, colocada em uma viatura, atada, e, após queda, foi arrastada por 350 metros pelo veículo dirigido por policiais que, teoricamente, iriam salvá-la.

4. Dois assassinatos que fazem parte de uma história de extermínio cujos números são absurdos. As estatísticas são bem menos graves do que a realidade que o cotidiano do país apresenta, mas não computa. Porque a violência é tão grande que até o crime inafiançável de racismo é naturalizado e desqualificado como tal. Esse é o cotidiano da Polícia Militar do Brasil, braço do Estado brasileiro para garantir a continuidade da política de extermínio e de escravização dos povos que construíram esse país, com base em suas convicções racistas, sua indolência e seu distanciamento de qualquer processo civilizatório viável.

5. A filósofa Djamila Ribeiro, conta à revista Carta Capital que em visita ao Acre para participar de um debate, teve que andar com escolta armada para se proteger do ódio racial. O Acre deu a Bolsonaro 80% dos seus votos no primeiro turno das eleições presidenciais.

6. Uma vereadora de Salvador, uma mulher branca, Marcelle Moraes, que consta como Sem Partido na relação de vereadores da Câmara Municipal de Salvador, mas que foi eleita pelo PV-BA, diante da solicitação de um minuto de silêncio em respeito à morte da Professora Valdina Pinto, Makota Valdina, uma autoridade religiiosa, ativista da cidade de Salvador, uma mulher negra combativa, reagiu solicitando um minuto de silêncio pela morte de uma rinoceronte no zoológico. Na semana passada alguns deputados faziam coro de latidos durante uma homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada.

7. Esses são atos de racismo violentos e brutais. Essa pessoa que diz defender os animais na sua plataforma, animaliza as pessoas. Isso deveria ser motivo suficiente para o impedimento da vereadora de Salvador, mas no país de uma oligarquia que rasteja para entrar nos países do hemisfério norte, nada acontecerá. Sugiro que ela se filie ao PSL, que é claramente o partido da supremacia branca, do apartheid e depois vá tentar um lugar na câmara em Miami.

8. A negação da história, da filosofia, das artes, da estética dos povos originários e dos povos africanos e seus descendentes faz parte da construção do racismo anti-negro e anti-indígena que o país de bolsonaro tenta reimplantar com a força de um pensamento colonizador, genocida, mas que não passarão.

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