O patriarcado quer transformar o Dia Internacional da Mulher num novo Dia das Mães, aquela do avental todo sujo de ovo. Distribuir brindes, dar lucro às floriculturas, os motéis fazem promoção, as clínicas ginecológicas distribuem espelhinhos e maquilagem, enfim, desqualificam. Os machinhos básicos parabenizam as mulheres pelo seu dia. Tudo para negar ou todas as conquistas das mulheres até aqui.
Também tem os homens feministos, que tentam pautar a luta das mulheres, nos dando uma linha que a luta contra o capitalismo é prioritária. Que a gente pode ficar brincando de se organizar e lutar, mas o movimento sempre é “sem direção”, falta “afirmar o caráter de classe” ou ainda “não é o momento para a fragmentação”.
É inacreditável que no ano do centenário da morte de Rosa de Luxemburgo ainda temos o mesmo mimimi do grupo identitário homembrancoheterocis, que coloca a sua tarja de grupo identitário nas mulheres.
O discurso do “caráter de classe”, lembra o discurso medieval da igreja católica. Coma merda em vida para alcançar o céu, abandone a luta feminista que quando o capitalismo acabar seremos todos iguais. Inspirada no carnaval, eu diria, ai , ai, ai, é o carai.
Sem uma revolução feminista, não há queda do capitalismo, caro esquerdomacho. NÓS estamos na base da acumulação primitiva do capital, NÓS fomos a primeira mercadoria. NÓS somos a revolução.
Vamos discutir relações sociais e disputas de projetos. Exploração, dominação e opressão. Disso entendemos. Gênero, Raça, Classe. Também entendemos. E das mais diversas formas de silenciamento (inclusive de nos acusar de estar silenciando-os), é feita a nossa história;
Nós somos movimento, nós somos parte de uma dinâmica social complexa. Não nos aprisione nas suas caixinhas, nos reduzindo à mediocridade da sua “tática” de manutenção do seu poder.
É bastante significativo um homem candidato a governador passe uma campanha inteira glorificando a sua mãe como guerreira e a primeira fotografia da sua equipe não contemplar nenhuma mulher.Porque o entendimento de representatividade, no fundo, é a crença de que tem que se fazer isso para distrair as meninas para elas pararem de fazer barulho e deixarem a gente brincar do exercício do poder sozinhos .
Somos o quinto país do mundo em violência contra a mulher. O que isso significa?
Que na hora que a porta da casa fecha, o espancamento não tem classe, nem raça. Que os ” revolucionário” que oprimem, dominem e explorem, de todas as forma as suas mulheres, estão por ai falando em fragmentação.
A violência contra a mulher vai aumentar exponencialmente no governo Bolsonaro porque o misógino presidente com suas igrejas e milícias estimula isso. Todos os dias vemos um feminicídio e o autor fazendo propaganda do seu Mito, mas temos que ter a consciência que a cultura do estupro não é coisa da direita, que o espancamento não é realizada por homens em surto, é naturalizado em todas as classes sociais e em muitos grupos étnicos.
A cada 1,4 segundos uma mulher é vítima de assédio no Brasil. (2018)
A cada dois segundos uma mulher é vítima de uma violência verbal ou física no Brasil. Dados de 2017.
A cada 7,2 segundos uma mulher sofre violência física no Brasil (2018);
Caminhamos juntos na construção de uma sociedade democrática, igualitária, levantamos a voz, juntos, contra a criminalização dos movimentos sociais, teremos uma bandeira conjunta de Lula Livre! porque aceitar a prisão de Lula é aceitar um estado de exceção. Mas a nossa luta será pela real igualdade na política, na ocupação de espaços e na exposição do que vocês chamam de contradição e nós de perpetuação da opressão de gênero e raça, porque na base de toda a pirâmide da violência está a mulher negra.
Pelas Marias, Mahins, Marielles e viva a Mangueira.
Hoje nossa bandeira é lilás.
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