Um mestre no realismo mágico

Um dia chamaram Bulgákov ao telefone: “Agora o camarada Stalin vai lhe falar.” Deveria ser uma brincadeira, no entanto, do outro lado, a voz do “Pai dos Povos” disse: “Como vai, camarada Mikhail Afanasievich? Li sua carta, talvez tenha razão em algumas coisas, mas o camarada deve estar com nojo de nós. Está pedindo para deixar o país…” Bulgakov sentiu o golpe e respondeu: “Eu tenho pensado muito ultimamente, mas pode um escritor russo viver longe da pátria? Não, não pode.” Stalin retrucou-lhe de imediato: “Tem razão. Se quer ficar conosco diga-me se ainda deseja trabalhar no Teatro de Arte”. Perante a afirmativa, o líder prosseguiu: “Envie um requerimento para o teatro, agora eles o aceitarão. E precisamos nos encontrar para conversar.”

Na carta a que se referia Stalin, Bulgákov dissera “a luta contra a censura, seja esta qual for e qualquer que seja a autoridade, é meu dever de escritor, como o são meus apelos à liberdade de imprensa. Sou um adepto fervoroso dessa liberdade e suponho que um escritor que pensasse em demonstrar que ela não lhe seria importante, este seria como um peixe que declarasse não necessitar de água.”

A geração dos grandes artistas e intelectuais dos anos 1890 produziu o maior literato e dramaturgo simbolista russo: Mikhail Bulgákov! Dono de um simbolismo todo especial, aquele definido por Franz Roh, em 1925, como “realismo mágico” e quase meio século após, adotado pelos principais escritores latino-americanos, como Garcia Marquez.

Sua obra-prima foi o romance “O mestre e Margarida”, que veio à luz no princípio dos anos 1960 e publicado trinta anos após sua morte, permitindo que a literatura soviética ganhasse novas e desafiadoras cores e, pode-se mesmo dizer que, com sua publicação, o simbolismo se revolucionou. “O mestre e Margarida” é uma das mais belas criações artísticas da humanidade.

Leia a íntegra de nosso ensaio em: http://proust.net.br/blog/?p=1371

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